A Central Única dos Trabalhadores lançou nesta terça-feira (15), em São Paulo, a Plataforma da Classe Trabalhadora para as eleições de 2008, que enfatiza quatro eixos: Igualdade, distribuição de renda e inclusão social; Valorização do trabalho; Estado indutor do desenvolvimento; Democracia e participação popular.
Conforme Artur Henrique, presidente nacional da CUT, o objetivo do documento é potencializar a ação do movimento sindical na disputa de hegemonia com o capital financeiro, com os grandes meios de comunicação e com os setores neoliberais organizados que dão base política para o bloqueio às mudanças.
“Precisamos disputar os rumos do desenvolvimento, ampliando alianças com o movimento social e sindical, para que o tema do trabalho tenha centralidade, ganha importância estratégica, o que é fundamental na nossa luta pela igualdade, pela distribuição de renda, pela inclusão social”, destacou Artur. Os cutistas devem deixar claro, ressaltou, “qual é a nossa visão do papel do Estado, das políticas públicas, qual é o nosso projeto nesta jornada pelo desenvolvimento”.
Estado
Na avaliação do presidente da CUT, as eleições de outubro são o primeiro turno de 2010, onde se enfrentarão dois projetos de país: “Defendemos o papel ativo do Estado não apenas para a promoção do crescimento econômico, mas social. A nível nacional nos mobilizamos por contrapartidas sociais no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), para garantir metas de emprego e renda na construção civil, uma área que cresce com investimento público e fortalecimento do papel do Estado, e onde ainda temos altos índices de acidentes e 70% dos trabalhadores sem registro em carteira. Na disputa local, temos de debater a questão das políticas públicas de transporte e moradia, nos enfrentando com os setores que defendem a ladainha do choque de gestão, da privatização, do Estado mínimo, dos que acham que o investimento em Saúde, Educação, Previdência, Seguro Social e no Bolsa Família é gasto muito elevado e que deve ser cortado”. Neste sentido, defendeu, a Plataforma é um importante instrumento de pressão nos embates eleitorais, onde o movimento sindical apresentará aos candidatos suas reivindicações e exigirá um compromisso público perante os trabalhadores.
Artur lembrou ainda dos monopólios de comunicação que têm lado na disputa de projetos, blindando o conservadorismo da política econômica do Banco Central com a invisibilidade dos ataques ao aumento das taxas de juros. “As soluções que propõem para o problema do controle da inflação ou é pela elevação dos juro ou pelo arrocho dos salários”, denunciou. Da mesma forma, acrescentou, a mídia se cala em relação aos efeitos perversos do processo de privatização das estatais e suas trágicas conseqüências para os serviços públicos e para o atendimento à população com a demissão em massa de funcionários. Nosso dever, enfatizou o presidente cutista, “é lutar para ampliar espaços para a classe trabalhadora, na construção de uma sociedade mais justa e solidária. Fora as políticas neoliberais defendidas pelo PSDB e DEM!”
Resgate
A Secretária Nacional Sobre a Mulher Trabalhadora, Rosane Silva, fez um resgate histórico da construção coletiva da Plataforma, citando a Jornada pelo Desenvolvimento com Distribuição de Renda e Valorização do Trabalho, com a participação das demais centrais sindicais. “Foi um processo de intenso debate onde nos contrapomos à lógica financista, debatendo com a base cutista, mas envolvendo o conjunto das centrais para consolidar um projeto de desenvolvimento que contribuísse para o avanço e a consolidação de uma concepção democrática e popular. Para nós, da CUT, o modelo de desenvolvimento deve contribuir na disputa rumo à construção de uma sociedade socialista”, declarou.
Rosane Silva ressaltou o papel da negociação e da mobilização, e da importância da CUT ter investido, com o apoio do Dieese e do Cesit da Unicamp, para dar qualidade ao debate da Jornada pelo Desenvolvimento, que foi levada a todo o país, com frutíferos encontros regionais em Pernambuco, Goiás, Pará, Santa Catarina e São Paulo.
Representando o Dieese, Sérgio Mendonça falou da satisfação do corpo técnico da instituição de participar da agenda e da importância do movimento sindical brasileiro, onde a CUT tem papel fundamental, apresentar propostas comuns para o desenvolvimento do Brasil. “É preciso pensar a valorização do trabalhador com uma estratégica de desenvolvimento”, declarou Mendonça, frisando que isso é bem diferente do salve-se quem puder dos anos neoliberais. “Defendemos a institucionalização do tema do trabalho, articulado nacionalmente com a correção das desigualdades”, afirmou, defendendo a necessidade da intervenção do Estado para garantir o interesse público frente aos interesses do mercado. A Petrobrás é um bom exemplo, disse, pois se não fosse o governo federal definir novos investimentos estatais e confrontar os interesses dos que queriam que a empresa se comportasse como empresa privada, o preço internacional do petróleo estaria valendo no mercado interno para satisfazer os interesses dos que têm ações na Bolsa de Nova Iorque, “e a inflação dispararia”.
A Plataforma contou com o apoio da Fundação Friedrich Ebert.