A Central Única dos Trabalhadores, demais centrais sindicais e outros movimentos sociais se reuniram nesta segunda-feira, dia 30, na avenida Paulista, em São Paulo, em ato unificado contra a crise e as demissões, exigindo a redução das taxas de juros, recursos para investimentos públicos e a defesa dos direitos trabalhistas e sociais. A manifestação acontece nas capitais de todo o País e também na América Latina, organizado pela Central Sindical das Américas (CSA).
O Dia Nacional de Lutas em defesa dos empregos e contra a retirada de direitos e salários antecede a reunião do G20 (grupo dos países ricos e principais emergentes) que ocorre no próximo final de semana, em Londres. O ato unifica toda a classe trabalhadora contra a crise financeira gerada pelos especuladores e países ricos. A manifestação na Paulista teve início em frente ao Banco Real e à Fiesp, seguindo em passeata ao Banco Central, sendo encerrado em frente ao Teatro Municipal de São Paulo, no centro.
Para Carlos Cordeiro, secretário geral da Contraf/CUT, o ato foi importante para unificar os trabalhadores e para ser utilizado como arrancada na jornada de lutas. “Os banqueiros, diferentemente de outros setores da economia, tiram proveito da crise para lucrar, e isto às custas da população e dos trabalhadores. É um cenário que só beneficia aos bancos, que a cada ano demonstram lucros maiores. Enquanto isso os bancários perdem seus empregos e direitos”, afirma.
Anda segundo Cordeiro, a manifestação ocorre em um momento central da crise, em que as demissões vêm aumentando, principalmente com a fusão dos bancos. “Estaremos mobilizando todos os sindicatos para a luta em defesa dos empregos e direitos dos trabalhadores e cobraremos o CADE sobre o teor das fusões”, complementa.
Para o presidente da CUT, Artur Henrique, a manifestação foi uma demonstração de unidade dos trabalhadores. “A manifestação foi uma demonstração de maturidade, de unidade das centrais e movimentos populares que estão nas ruas contra as demissões, exigindo medidas dos governos federal, estaduais e municipais para combater o desemprego e a alta rotatividade”, declarou o presidente nacional da CUT, Artur Henrique.
Na sua avaliação, a principal ação contra a crise que emana do centro do capitalismo é o investimento público: “precisamos de crescimento econômico, geração de emprego e renda, esta é a saída”. A liberação de recursos para empresas em dificuldades, advertiu, precisa ser criterioso e vinculado a garantia de contrapartidas sociais, priorizando o fortalecimento do mercado interno. Ao condenar a apatia do governo estadual, Artur denunciou que “diante da crise internacional, Serra vendeu a última empresa de energia elétrica, vendeu o último banco público, e continua seguindo o fracassado receituário neoliberal, de entrega e privatização do patrimônio”.
Segundo Sebastião Cardozo, presidente da CUT/SP e Fetec/SP, a manifestação demonstra a força de todo movimento sindical que busca transformar a crise em algo positivo para a sociedade e aos trabalhadores. “É preciso que os empresários, a imprensa e o governo, principalmente o paulista, compreendam a dimensão e importância de nosso ato para que possamos juntos sair o mais rápido possível dessa crise que não foi gerada pelos trabalhadores”, afirma Cardozo.
A CUT e os demais movimentos sindicais exigem contrapartidas de investimentos e políticas públicas para a saída da crise e aponta como medidas uma melhor distribuição da renda, o aumento real, a reposição da inflação e a valorização do mercado interno para que a população não deixe de consumir, gerando riqueza e trabalho ao País e aos brasileiros.
A luta pela igualdade salarial entre homens e mulheres foi ressaltada por Rosane Silva, secretária nacional sobre a Mulher Trabalhadora da CUT. Segundo estudo do Dieese, com a crise financeira, a diferença de ganhos entre os homens e mulheres chega a 30%. “Com este cenário a mulher é obrigada a exercer o papel que deve ser do Estado, tendo que trabalhar em casa, com as crianças, idosos etc. “Com a crise, fica claro a disparidade da remuneração entre os homens e mulheres e sabemos que as reivindicações só serão conquistadas pela via da união entre os movimentos sociais, completa Rosane.