Para defender empregos e salários, CUT propõe desoneração, redução da jornada e dos juros e pulso firme sobre os bancos. Veja como foi a reunião das centrais sindicais com o presidente Lula.
A CUT dá início nesta terça-feira 20 de janeiro a um calendário de mobilizações e protestos em defesa dos empregos, salários e direitos. A partir das 6 horas da manhã, haverá ato político e atraso na entrada em indústrias metalúrgicas do ABC paulista, de Taubaté e Sorocaba.
O presidente da CUT Artur Henrique participa do ato em frente à Mercedes, em São Bernardo.
A CUT pretende organizar atos como esses em diversas regiões do país e no maior número possível de categorias, para reforçar o posicionamento da Central na defesa dos empregos, dos salários e direitos trabalhistas como pontos primordiais da luta pelo crescimento econômico em meio às turbulências econômicas internacionais.
A mesma pauta que a CUT leva para audiência na tarde desta segunda, dia 19, com o presidente Lula, em Brasília, a partir das 17h (veja mais aqui).
Sobre a pauta, Artur conversou com jornalistas no final da manhã, em entrevista coletiva realizada durante a reunião do Secretariado Ampliado. Artur, depois de reiterar que a CUT não aceitará demissões, suspensão de contratos ou redução salarial como pontos de partida de nenhuma rodada de negociação para discutir os rumos do país, destacou algumas das propostas, dentre elas a desoneração tributária nos três níveis de governo, “desde que atreladas à garantia, por escrito, de manutenção dos empregos nos setores e empresas beneficiados”.
Como exemplo de medidas de desoneração, Artur defendeu a queda da contribuição patronal para a Previdência, mas somente com a garantia de que o Tesouro, ou seja, o governo federal, complemente os valores utilizando-se dos recursos que vem sendo usados para o pagamento do superávit primário e também da correta aplicação das receitas constitucionalmente definidas para a Seguridade Social. “Superávit existe para isso mesmo, para garantir investimento social”, disse o presidente. Artur acredita que o mesmo tipo de negociação tem de acontecer com estados e municípios, especialmente das capitais.
A desoneração pode recair também, na visão da CUT, sobre as contribuições do Sistema S. Em nível estadual, sobre ICMS, entre outros. Artur também frisa que a desoneração tem de ser definida tendo como parâmetro uma análise séria da situação de cada setor da economia. “A desaceleração da economia não ocorre na mesma proporção para todos os setores, então a desoneração pode ser diferenciada”, defendeu. Segundo ele, a CUT vai orientar as CUTs estaduais a procurar governadores e prefeitos.
A CUT também atacou o comportamento dos bancos e disse que vai cobrar de Lula mecanismos que obriguem o sistema financeiro a reduzir o spread (lucro que o banco obtém por tomar dinheiro a um custo menor do que cobra quando empresta), a liberar crédito produtivo e reduzir taxas de todo o tipo. “Muitos se adaptando à conjuntura e buscando soluções para manter o crescimento, enquanto os bancos permanecem com a mesma postura de sempre, como se fizessem parte de outro mundo. Isso não ajuda em nada”, afirmou. “Responsabilidade social tem de ser mostrada agora, e não apenas em comerciais de TV”.
Através de seu presidente, a CUT reforçou a redução da jornada sem redução de salário como instrumento de proteção dos empregos e criação de novos. A Central afirma também que vai continuar cobrando do governo a exigência de contrapartidas sociais em todos os empréstimos e isenções fiscais concedidos pelos recursos públicos. E que os investimentos públicos continuem seu fluxo normal.
Artur encerrou a entrevista afirmando que a CUT está aberta ao diálogo com setores patronais, em busca de soluções, mas não aceitará a “desfaçatez” mostrada por alguns em defender redução do emprego e dos salários como primeiras medidas para enfrentar qualquer problema. Amanhã, por exemplo, Artur reúne-se, em São Paulo, com a direção da Abimaq (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos) para debater uma agenda de desenvolvimento. E já adiantou um consenso que sairá dessa reunião: “Os juros básicos da economia precisam cair acentuadamente, e bem rápido”.