Sindicalistas querem economia a serviço dos direitos fundamentais do trabalho
No momento em que 99% dos habitantes do planeta se veem submetidos à lógica neoliberal de extrema concentração de renda e poder nas mãos dos 1% mais ricos, sindicalistas se reuniram durante o Fórum Social Mundial, na sexta-feira (27), no campus da Universidade El Manar, em Túnis, para debater “propostas para uma economia mundial equitativa, a serviço dos direitos fundamentais do trabalho”.
Promovido pela Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL), União Geral Tunisiense do Trabalho (UGTT), e as centrais francesas CFTD e CGT, a belga FGTB e a canadense CSN, o encontro debateu o significado de uma economia em que 737 transnacionais, bastante conectadas entre si, controlam 80% do capital das maiores empresas do mundo. E em que metade deste capital está concentrado nas mãos de apenas 147 empresas, a maioria das quais são corporações financeiras.
Na avaliação do dirigente da CGIL, Sérgio Bassoli, “o grande desafio colocado para o conjunto do movimento sindical é ampliar o leque de alianças para construir uma alternativa a esse modelo de exclusão social”.
Para isso, ressaltou o sindicalista italiano, em primeiro lugar temos de fortalecer nossas organizações, ampliar sua representatividade, trazer a classe trabalhadora para dentro das entidades. “É preciso mudar este quadro em que temos apenas 7% dos trabalhadores do mundo sindicalizados e um entre quatro trabalhadores se mantém à margem, na informalidade, sem nenhuma proteção”, disse.
Liderança da UMT do Marrocos, Lefnatsa Abdellah alertou para o uso e abuso de práticas antissindicais em seu país, “onde a monarquia tem poder sobre a terra o divino”. “O rei contribui para ampliar a exploração e a expropriação das nossas riquezas em benefício do grande capital. Para enfraquecer a capacidade de resistência dos trabalhadores, divide o movimento incentivando a corrupção, o que faz com que o nível de sindicalização no Marrocos hoje seja de somente 6%”, acrescentou.
Presidente da CUT do Rio Grande do Sul e representante da CUT Nacional, Claudir Nespolo destacou “os avanços obtidos nos últimos anos no Brasil, a partir da nossa compreensão da importância do papel da disputa de hegemonia da sociedade”. “Elaboramos uma plataforma da classe trabalhadora que tem no centro a concepção de um Estado forte, democrático e indutor do desenvolvimento e não subordinado às forças do mercado”, destacou.
Para isso, acrescentou, “um item fundamental é a disputa da democracia participativa nos espaços tripartites, principalmente fortalecendo políticas públicas como as de saúde, educação e agricultura”.
Um elemento apontado como chave para a obtenção de melhorias substantivas nos campos social e econômico, declarou Claudir, “foi a aliança, não só com os movimentos sociais, mas com as demais centrais sindicais. Isso nos permitiu pressionar e negociar em melhores condições, obtendo vitórias como a política de valorização do salário mínimo e o crescimento da formalidade no emprego”. Segundo o líder cutista, “neste momento em que setores conservadores querem colocar todos estes avanços a perder, nossa pauta se afirma também em defesa da democracia”. “Não permitiremos retrocesso”, enfatizou.
Membro da executiva nacional da CUT e do comitê organizador do Fórum Social Mundial, Rogério Pantoja acredita que “o evento cumpre o seu papel à medida em que estimula os mais diversos atores sociais, de milhares de organizações, de mais de uma centena de países, a formularem políticas objetivas para seus problemas concretos”.
“É aí onde reside a energia e a vitalidade do Fórum, que tem sua importância ainda maior diante da magnitude da crise”, concluiu Pantoja.