Manifestação democrática nesta semana em Belo Horizonte
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, disse na terça-feira (18) que vê com “muito prazer” as ruas cheias de jovens se manifestando, mas alerta para que os protestos não acabem “aparelhados por oportunistas” que desejam colher capital político da situação.
“Esperamos que o movimento tenha maturidade para não se deixar aparelhar”, expressou. “Os veículos da grande mídia, que sempre foram avessos à mobilização, agora estão elogiando. Não estou vendo ninguém falar em dificuldade com o trânsito. É preciso tomar cuidado.”
Vagner lembrou que os problemas sociais do país foram criados pelos governos que precederam as administrações petistas – e que, agora, seus representantes querem imputar a origem dos protestos a uma suposta incompetência da presidenta Dilma Rousseff.
“Em protestos como esses, até os políticos tradicionais, que construíram a crise que o Brasil viveu, de uma completa falta de perspectiva, agora eles vêm para a imprensa querer imputar toda essa responsabilidade para o governo federal”, atestou. “Estão de olho nas eleições de 2014.”
O presidente da CUT analisou que o Brasil melhorou muito nos últimos dez anos. “As ações para tirar milhões da linha de pobreza e colocá-los como cidadãos, a recuperação do poder de compra, o salário mínimo, sem dúvida são questões importantíssimas.” No entanto, reconheceu que ainda falta um longo trajeto pela frente.
“As políticas públicas em geral – educação, saúde, transporte, segurança – estão muito longe de atender às necessidades da população. Hoje, para ter bem-estar social, você precisa pagar por todos os serviços – que deveriam ser oferecidos pelo Estado”, frisou.
Daí que o sindicalista encara os protestos que se espalham pelo país como um “bom grito de alerta” para a presidenta. “O governo não pode achar que as coisas no Brasil vão de vento em popa”, cutucou. “O muito que foi feito é pouco do ponto de vista das necessidades que nós temos. Muito foi feito na comparação com o desmando que se teve antes do governo Lula.”
Para Vagner, não basta apenas construir um país de classe média. “Boa parte dos manifestantes é de classe média”, lembrou, “mas precisa de uma renda absurda para pagar serviços que são de responsabilidade do Estado.”
Por fim, o presidente da CUT afirmou que a Central está fazendo uma reflexão para compreender o que está acontecendo nas ruas do país. “Queremos tirar aprendizado deste movimento”, anunciou, lembrando que a mobilização, que começou como revolta contra o preço abusivo do transporte público, deve aprender com movimentos anteriores.
“Um movimento precisa ter conquistas, com começo, meio e fim. Precisa ter uma pauta que discuta com a sociedade. O momento de agitação passa, e é preciso apresentar propostas”, salientou Vagner.