“Acordo sem luta é inaceitável”. Dessa forma, o presidente da CUT, Artur Henrique, resume o posicionamento da Central diante das negociações que a Fiesp está entabulando com a Força Sindical e que prevêem redução salarial, junto com redução da jornada.
“Para nós, o primeiro ponto de qualquer processo de negociação neste momento deve ser a garantia explícita de manutenção dos empregos”, afirma Artur. “Um acordo guardachuva como esse que a Força quer construir cria uma generalização, como se todos os setores da economia estivessem na mesma condição, ou como se todas as empresas passassem pelo mesmo momento contábil. E isso não é verdade. Além disso, quando se aceita um diálogo em que já se começa perdendo, você só ajuda os setores que estão se aproveitando do momento para demitir ou reduzir direitos”, completa.
“O que os nossos sindicatos devem fazer é em primeiro lugar resistir, realizar greves, processos de mobilização e de pressão para exigir que as empresas usem o estoque de capital, os lucros imensos que tiveram ao longo dos últimos anos, para manter os empregos”, diz Artur.
Na opinião do presidente da CUT, os sindicatos, federações e confederações da CUT devem analisar caso a caso as contas das empresas, para saber realmente em que circunstâncias elas se encontram. “Não se pode embarcar facilmente na choradeira dos empresários. Nós sabemos que as empresas têm acumulado recordes de venda e de lucratividade, muitos setores continuam remetendo lucros para o exterior, então não dá pra acreditar que a primeira medida a tomar seja demissão, suspensão de contratos ou redução salarial”.
Artur também contesta os números apresentados pela Força, que estima mais de 3 milhões de demissões a partir de segunda-feira. “Isso nos parece um número catastrofista, que serve para justificar acordos como esse que a Força quer empurrar para o conjunto da sociedade”.
O desafio da CUT é lutar contra essas demissões, a partir de pressão e mobilização e, nos processos de negociação e nas campanhas, exigir cláusulas de manutenção do emprego e, em períodos de maior dificuldade como deve ser este primeiro trimestre, propor alternativas dignas para a manutenção das vagas. “E cobrar também dos governos federal, estaduais e municipais a manutenção dos investimentos programados para projetos que gerem emprego e renda, a redução drástica e imediata dos juros básicos da economia e o fim do superávit primário. Não vamos desistir também de cobrar do governo a exigência explícita de manutenção e geração de empregos como cláusula fundamental em todos os empréstimos e benefícios fiscais com dinheiro público”.
Artur Henrique acrescenta ainda que suspensão temporária de contrato, outra das propostas que a Força/Fiesp ensaiam, é um mecanismo já previsto em lei e que só pode ser implementado se houver negociação com o sindicato de base e após aprovação em assembléia. Além disso, Artur considera que há outras maneiras de enfrentar a crise: limitação das horas extras, banco de horas ou férias coletivas, que devem ser discutidas caso a caso, à luz da real situação de cada empresa.