Dois acontecimentos tingiram de sangue protestos pacíficos de movimentos sociais na tarde dessa quinta-feira (16) em frente aos palácios de governo dos estados de São Paulo (Bandeirantes) e Rio Grande do Sul (Piratini).
Ao transformarem a Polícia Militar em guarda pretoriana de seus desgovernos, os tucanos José Serra e Ieda Crusius quase provocaram a morte de pais e mães de família que protestavam contra a intransigência e defendiam o atendimento às suas reivindicações.
Diante do ocorrido nas capitais paulista e gaúcha, a CUT repudia o “autoritarismo, a falta de diálogo, o desrespeito, a truculência fascista e a irresponsabilidade criminosa desses dois governos tucanos” que, promoveram uma verdadeira guerra contra os manifestantes, com bombas, brucutus, cavalaria, tiros e gás pimenta, deixando vários feridos, inclusive à bala.
De acordo com o secretário geral da CUT São Paulo, Adi dos Santos Lima, “o comportamento irresponsável do governador José Serra e do secretário estadual de Segurança Pública por pouco não provocaram mortes”. O movimento une investigadores, delegados, escrivães e peritos da Polícia Civil, que estão em luta por melhores condições de trabalho e salário desde meados do mês passado. “Por um lado, provocaram a categoria dos Policiais Civis em greve ao abandonar a segurança pública, não dar as mínimas condições de trabalho, manter equipamentos defasados, salários arrochados e, pior, não atender solicitações, se negar a negociar e ainda criticar o comportamento de quem tem preocupação com a segurança dos cidadãos”, denunciou Adi.
Conforme relatou o dirigente cutista, os manifestantes se aproximavam do Palácio dos Bandeirantes quando foram surpreendidos pela formação de “cerca de dois mil policiais militares e uma tropa de choque armada até os dentes, que iniciaram uma verdadeira guerra”. Diante da brutalidade da agressão tucana, o GOE (Grupo de Operações Especiais) da Polícia Civil, que apenas fazia a segurança dos manifestantes, se somou ao protesto. “Serra não quer diálogo, somente imposição. Eu vi uma guerra civil, o conflito quase gerou mortes na porta do Palácio”, ressaltou Adi.Representantes das seis centrais sindicais acompanharam o protesto e repudiaram a covardia de Serra. Agora, lembrou Adi, “a mobilização vai crescer ainda mais, porque ninguém vai baixar a cabeça para este tipo de comportamento”.
Marcha dos Sem
Em Porto Alegre (RS), a tradicional Marcha dos Sem, manifestação organizada pela CUT e pela CMS – Coordenação dos Movimentos Sociais, também foi alvo da truculência do governo tucano. Segundo Quintino Severo, secretário geral da CUT Nacional, que participou da mobilização na capital gaúcha, “a governadora mais uma vez demonstrou seu despreparo para conviver com a democracia”.
Segundo Quintino, “Yeda transformou o Estado do Rio Grande do Sul em um palco de escândalos de corrupção e de truculência contra os movimentos sociais”. Militantes se concentraram a partir das 14h30 no Parque da Redenção e seguiram em passeata em direção ao Centro Administrativo do Estado – Palácio Piratini, no centro da capital gaúcha.
A 13ª Marcha reuniu cerca de 10 mil pessoas e trouxe como tema “a defesa da dignidade humana” – publicamente desrespeitada pelo governo Yeda, que ordenou a Polícia Militar usar e abusar da violência contra os trabalhadores. A repressão tucana teve início por volta das 16 horas na esquina da Rua Espírito Santo com a Duque de Caxias em frente à Catedral – Praça da Matriz – quando a PM avançou sobre os participantes da passeata que tentavam ultrapassar a barreira formada pelos soldados que trancavam o acesso do carro de som em direção ao Palácio Piratini, sede do governo do Estado.
Os militantes estavam a sessenta metros do Palácio e foram impedidos com o uso da violência policial que lançaram bombas de efeito moral e balas de borracha, ferindo de forma covarde cerca de 17 manifestantes, que foram levados ao Hospital do Pronto Socorro (HPS).
Após muita pressão dos movimentos sociais e uma difícil negociação com a Polícia, os militantes conseguiram avançar e finalmente, por volta das 16h30, parar em frente ao Palácio Piratini para o encerramento do ato.