As principais bolsas de valores de todo o mundo viveram um dia histórico nesta segunda-feira (9). Depois da Arábia Saudita anunciar um corte no preço do barril de petróleo durante o final de semana, as operações viveram forte queda.
O Ibovespa, por exemplo, encerrou o dia a 86.067 pontos, recuo de 12,17%, maior queda percentual desde 10 de setembro de 1998, causada pela moratória da Rússia. Na mínima do pregão, o índice chegou a 85.879 pontos, menor patamar intradia desde 28 de dezembro de 2018, quando o índice chegou a 85.469 pontos. Na máxima, chegou a 97.982 pontos. No ano, o Ibovespa acumula queda de cerca de 25%.
A Bolsa de Valores de São Paulo chegou a apresentar queda de mais de 10% no momento de abertura e teve de ser interrompida durante 30 minutos, por meio do mecanismo de interrupção, chamado de “circuit breaker”, que é um sistema pelo qual as operações são suspensas por meia hora para evitar um colapso geral da bolsa.
A última vez que o circuit breaker foi acionado foi em 18 de maio de 2017, o dia que ficou conhecido por “Joesley Day”- o dia seguinte à divulgação da conversa entre um dos controladores da JBS com o então presidente Michel Temer.
O que acontece depois dos 30 minutos?
As negociações são retomadas, com a expectativa de que a queda no preço das ações seja amenizada, uma vez que operadores e investidores tenham tempo para deixar o nervosismo e o pânico diminuírem.
Mas, caso isso não aconteça e o Ibovespa aprofunde as perdas, haverá nova interrupção se a queda chegar a 15%. Nesse caso, o circuit breaker é novamente acionado e o pregão desta vez fica interrompido por uma hora.
Petrobras
As ações da Petrobras chegaram a desabar mais de 25% nos primeiros negócios desta segunda-feira, maior queda da história dos papeis da petroleira, com perda de valor superando R$ 81 bilhões e também precisou recorrer ao mecanismo de “circuit breaker”. O dólar subiu mais de 2,5%, sendo negociado a R$ 4,75 o preço mais alto desde que o Plano Real foi implementado em 1994.
Afinal, o que está acontecendo?
Na última sexta-feira (6), a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seu principal aliado, a Rússia, não chegaram a um acordo para cortar a produção e, assim, evitar a queda nos preços do petróleo, que já estavam em queda por causa do avanço do coronavírus pelo mundo. A cotação do petróleo em Nova York despencou após a recusa da Rússia em fechar esse acordo.
Na noite de domingo (8), em retaliação, a Arábia Saudita anunciou uma redução de 10% nos seus preços de exportação da commodity, no que, ao que tudo indica, é o início de uma guerra de preços com os russos. A Rússia, por sua vez, dobrou a aposta e afirmou nesta segunda que tem condições de sustentar preços mais baixos por 10 anos.
A perspectiva de uma nova incerteza atingindo a economia global se soma à expansão do coronavírus pelo mundo. No fim de semana, a Itália anunciou uma medida que, na prática, coloca 16 milhões de pessoas em quarentena: qualquer pessoa que viva na região da Lombardia e outras 14 províncias precisam de uma autorização especial para viajar.