Crise global: Brasil está “melhor preparado”, diz OCDE

Valor Econômico
Assis Moreira, de Genebra

O Brasil está “muito melhor preparado” para resistir à dramática crise financeira e econômica global, avalia o secretário-geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurria.

“Todos sofrem nessa crise, mas o Brasil tem um bom sistema financeiro e bancos em posição muito mais favorável que os outros emergentes”, afirmou Gurria em entrevista ao Valor.

Para os emergentes e nações em desenvolvimento com dificuldades mais sérias, o secretário-geral da OCDE estima que o jeito será recorrer às organizações financeiras multilaterais, já que o crédito nos mercados privados foi paralisado. Sua avaliação é de que o Fundo Monetário Internacional (FMI) precisará dobrar seus recursos, para US$ 500 bilhões rapidamente. Mas esse montante será apenas para um primeiro momento.

“É mas provável que (o FMI) continuará precisando aumentar sua capacidade financeira”, acrescentou. Para Gurria, em todo caso o FMI não é a única fonte de recursos para os emergentes, e aponta a importância do Banco Mundial e outras instituições financeiras oficiais agirem rapidamente. “O Banco Mundial vai precisar ter mais flexibilidade, porque sua alavancagem é muito pequena. Precisa ir mais no mercado, captar recursos, e depois emprestar aos países em necessidade”, declarou.

Sua expectativa é de que a reunião de cúpula do G-20 em Londres, em abril, comece a tomar decisões em torno de uma nova arquitetura global. “O problema da crise atual foi causada por uma série de fracassos maciços no coração dos países mais desenvolvimento. Houve excesso de inovação financeira, impulsionado por ainda maior sede por lucros de curto prazo”, apontou ele em Davos, em debates.

Para Gurria, em meio ao apoio dos governos pela expansão dos mercados financeiros, muitas pessoas ficaram “cegas” em relação a questões básicas de ética nos negócios e regulamentação. “Agora temos de reescrever as regras das finanças e dos negócios globalmente.”

No curto prazo, ele vê para os governos só mesmo uma escolha: continuar tentando estimular a atividade econômica. Sua convicção é de que 2009 será “duro”. O desemprego está aumentando, os consumidores hesitam e investidores suspendem operações.

Assim, primeiro é preciso estabilizar o sistema financeiro, continuar cortando impostos e gastando com infraestrutura para encorajar a demanda e criar empregos. Numa visão de mais longo prazo, Gurria diz que os lideres políticos vão ter de estabelecer novas regulamentações, políticas sociais mais justas e achar uma maneira de os governos saírem de suas maciças presenças nos bancos.

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