Crime que causou comoção na Argentina põe segurança bancária em foco

Valor Econômico

Um crime que causou comoção nacional, um recém-nascido que não sobreviveu, uma vítima traumatizada e querendo deixar o país. O caso da funcionária pública Carolina Píparo, 34 anos e grávida de nove meses, mexeu com a estrutura de segurança dos bancos na Argentina.

Quando retirava 20 mil pesos (US$ 5 mil) em um caixa de uma agência em La Plata, a capital da Província de Buenos Aires, para pagar as chaves do imóvel recém-comprado com o marido, Carolina foi “marcada” como alvo por um assaltante. Outros integrantes da quadrilha a esperavam perto de sua casa e lhe dispararam um tiro. O bebê nasceu, após uma cesariana de urgência, mas sobreviveu menos de uma semana. Carolina só teve alta do hospital depois de um mês e quer mudar-se para a Europa.

A repercussão do crime, que gerou debates na televisão por semanas a fio, mobilizou a Câmara dos Deputados, que aprovou um projeto de lei com o endurecimento das regras de segurança nos bancos. O projeto, que ainda aguarda análise do Senado, prevê a instalação de bloqueadores de celulares – para impedir contatos telefônicos entre assaltantes – e de cabines de atendimento dos clientes. Essas cabines, com portas metálicas e colocadas em frente aos guichês, ficariam fechadas durante todo o atendimento e evitariam sua visualização por outros clientes.

Para demonstrar pulso firme contra a violência urbana, o governo adiantou algumas iniciativas. Em um país cuja bancarização é inferior à 30% das pessoas, o Banco Central determinou a abertura gratuita de “contas correntes universais”, que entraram em vigor na segunda-feira. Qualquer cidadão pode abrir uma, mediante a apresentação de documento de identidade, sem pagar nenhuma taxa mensal. Ganha um cartão de débito e pode movimentar até 10 mil pesos.

O objetivo é desestimular a circulação de pessoas nas agências e o costume de carregar somas grandes de dinheiro vivo. O Banco Central limitou, ainda, a 200 pesos a troca de dinheiro por moedas.Trata-se de um hábito comum entre os comerciantes. Os bancos também foram obrigados a modernizar seus circuitos internos de televisão, instalando câmeras de segurança nas saídas das agências e trocando equipamentos analógicos por outros digitais, com melhor definição, para facilitar a identificação de possíveis assaltantes.(DR)

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