Criado na crise, Bank of America Merrill Lynch mira expansão global

Financial Times
Patrick Jenkins, de Londres

O Bank of America Merrill Lynch, criado a despeito da crise financeira, está mantendo com força a expansão do seu segmento de corporate banking (dirigido a grandes empresas) mundial, à medida que procura aproveitar ao máximo a sua vasta escala.

Paul Donofrio, responsável pela área de corporate banking, formulará um plano para expandir a presença do BofA na Europa e Ásia, reproduzindo a solidez do grupo na prestação de serviços de corporate banking a clientes dos EUA.

O Merrill Lynch, adquirido pelo Bank of America no fim de 2008, há muito mantinha poderosas operações de banco de investimento ao redor do mundo, que Donofrio considera estratégicas para se expandir globalmente. Na Europa e na Ásia, a Merrill ostentava três vezes mais clientes que o Bank of America.

Num sinal de que a maior oportunidade para crescimento da área de corporate banking da companhia combinada está fora dos EUA, Donofrio se deslocará para sua nova base em Londres, em vez de ir para a matriz do grupo nos EUA, em Charlotte, na Carolina do Norte.

O balanço patrimonial do BofA, de US$ 2,223 trilhões no fim do ano passado, é sua maior arma. Sua expansão global dependerá na sua essência da concessão de recursos aos seus clientes por meio do seu banco corporativo, como base para realizar uma vasta gama de transações no segmento de banco de investimento.

Na tentativa de ser um banco de investimento e banco corporativo genuinamente global, a concorrência mais próxima é a do Citigroup, que também continua lutando para se recuperar da crise financeira e de um socorro governamental. O J.P.Morgan Chase anunciou recentemente uma iniciativa de lançar uma operação de corporate banking globalmente.

As iniciativas ocorrem num momento em que os órgãos reguladores se preparam para impor exigências de capital muito mais elevadas em algumas atividades de banco de investimento, especialmente negócios relacionados com trading, tornando-as substancialmente menos lucrativas. Os bancos que conseguirem transferir o balanço do negócio para corporate banking e banco de investimento baseado em consultoria deverão ficar numa posição competitiva muito mais forte.

“O peso do balanço patrimonial é uma enorme vantagem competitiva”, afirmou um executivo de banco graduado ao “FT”, recentemente.

“Mas leva muito mais tempo para se obter uma aprovação de Charlotte do que foi preciso em qualquer outro tempo da matriz do Merrill. A pergunta sobre se o modelo funciona na prática continua em aberto.”

O BofA insiste em afirmar que seu plano de “alavancar” o banco de investimento e o banco corporativo não envolve executivos de banco famosos sendo obrigados a empurrar produtos a clientes, como vendedores iniciantes.

A estratégia unificada foi absorvida rapidamente pelos empregados nos Estados Unidos, mas está se revelando mais difícil de vender na Europa, dizem os diretores.

Dentre uma equipe de indicações ao alto escalão, Donofrio nomeou Jim Janover como executivo-chefe de operações do banco corporativo e Joel van Dusen como chefe de cobertura de corporate banking, responsável por relacionamento com clientes.

Charles Alexander está vindo da Standard Chartered como chefe de cobertura de corporate banking na Ásia, mas ainda será preciso preencher um cargo importante de responsável pela Europa.

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