Sem esperar pela divulgação oficial dos dados de outubro do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, disse na segunda-feira, dia 9, que o país superou a marca de 1 milhão de empregos formais criados em 2009. O número, que representa a diferença entre contratações e demissões e superou as metas do governo, mostra a recuperação econômica do país da crise econômica que fez desaparecerem cerca de 654 mil postos de trabalho só em dezembro de 2008, um recorde em 10 anos.
O ministro comemorou o fato lembrando que havia previsto a recuperação.
– Acharam que eu era maluco, os pessimistas não acreditavam. Mas os números estão aí e provam que minha previsão estava certa – afirmou, ao participar da abertura da Fenashore, em Niterói (RJ).
Os números de postos de trabalho relativos a outubro devem ser divulgados nos próximos dias. Na mesma época do ano passado, o saldo de empregos formais criados nos primeiros 10 meses do ano era de 2 milhões, segundo o coordenador do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marcelo Néri.
Com a queda provocada pela crise, 2008 encerrou-se com 1,452 milhões de vagas. Ou seja, mesmo que o crescimento seja inesperado, ainda assim o número de empregos criados é bem menor do que antes do cataclismo financeiro que começou nos Estados Unidos e se espalhou pelo mundo.
– Comparado com um ano atrás, passado, o copo está meio vazio. Mas comparado com o cenário de crise, é alvissareiro – avalia Néri.
Retomada de contratações indica crescimento econômico
Segundo o economista da FGV, ultrapassar a marca de 1 milhão de vagas é uma boa notícia não só pelo impacto imediato na economia. Voltar a contratar é significativo também porque o aumento no emprego, com as 8,5 milhões de novas vagas criadas entre 2003 e 2008 sem que as reformas necessárias tenham sido feitas, foi uma das principais surpresas da década na economia brasileira.
Além disso, o avanço do emprego formal é um indicativo forte de crescimento econômico. No auge da crise, foram os maiores empregadores, com condições de pagar direitos trabalhistas, os que mais demitiram para se ajustar à demanda. Especialmente na indústria, os empresários calcularam que a crise seria maior do que foi – apesar de não ser uma marolinha, também não foi um tsunami, afirma Néri.
– A contratação de mão de obra formal é um sinal de que o Brasil voltou a apostar no futuro – diz o economista da FGV.
As 800 mil vagas fechadas entre novembro de 2008 e janeiro deste ano já haviam sido “repostas” até setembro, quando os dados do Caged indicaram a criação de 932.651 postos de trabalho.