Crescem den£ncias de ass‚dio moral no pa¡s

(São Paulo) As denúncias de assédio moral feitas por trabalhadores este ano dobrou. Segundo reportagem publicada pela Folha de S. Paulo no domingo passado, dia 17, foram abertas 337 investigações em 2006 pelo Ministério Público do Trabalho.

 

“A pressão das empresas para superar metas e ser competitivas transforma cada vez mais o local de trabalho em ambiente de terror psicológico. Com mais consciência de seus direitos, cresce o número de trabalhadores que denunciam serem vítimas de assédio moral”, assinala a reportagem.

 

A Folha destaca que os bancários estão entre as principais vítimas do assédio moral. A reportagem dedica um espaço especial para contar dois casos na categoria.

 

O primeiro é de R.C., 43, ex-empregada do HSBC. A história começa por uma frase que ela costumava ouvir de um diretor do banco, que exigia o cumprimento de metas de vendas de produtos da instituição: “Caga sangue, mas faz”.

 

“Também costumava amassar um copo de plástico na minha frente e dizia: ‘Olha o que acontece com quem não cumprir metas neste mês’”. R.C. foi demitida pelo banco em junho deste ano, após enfrentar sérios problemas de saúde em decorrência do assédio moral.


R.C. era funcionária de uma agência do HSBC em Osasco, onde trabalhou como gerente por um período de dez anos. Sua última função no banco foi cuidar da carteira de investimentos de pessoas físicas. Para esses clientes especiais, tinha de vender títulos de capitalização, planos de previdência privada, seguro de carro.

 

“Telefonavam para mim logo pela manhã para cobrar vendas de "X" produtos e de "X" milhões de reais. A pressão era tão grande que comecei a perder os cabelos. Cheguei ao ponto de sentir falta de ar dentro da agência. Mesmo sabendo que eu estava em tratamento médico, me mandaram embora”, contou para a Folha. A ex-gerente quer uma indenização de R$ 600 mil por ter sido vítima de assédio moral. A primeira audiência com o banco já está marcada para o dia 27 de fevereiro de 2007.

 

“Quando vi que o banco estava exagerando nas pressões, cheguei a abrir a boca em uma reunião, comecei a questionar as tais metas. Disseram-me o seguinte: "Você tem duas alternativas, fazer e fazer"."


R.C. decidiu procurar a Justiça porque acredita que seu depoimento ajudará outros funcionários que sofrem o mesmo tipo de pressão no banco. "Tem uma pessoa lá que está até com a mão atrofiada. O fato é que a pressão vem de cima. O gerente é pressionado pelo diretor-regional, que é pressionado pelo diretor-geral, e por aí vai."

Outro caso

Após seis licenças médicas concedidas nos últimos 14 anos por ser portadora de LER (lesão de esforço repetitivo), A.F., 42, decidiu ir à Justiça do Trabalho neste ano para denunciar as discriminações sofridas como funcionária do Santander Banespa.

"Os colegas foram instruídos a não conversar comigo. Quando retornei da última licença no ano passado, fiquei sentada em uma cadeira sem fazer nada. Não me davam serviço, diziam que eu era doente", afirma a bancária. Afastada pelo INSS por doença profissional, A.F. contou à Folha que acredita que será demitida assim que retornar ao serviço. "A política do banco é demitir assim que acaba o período de afastamento do lesionado."

Em tratamento contra depressão e síndrome do pânico, a bancária diz que a pressão no trabalho fez sua vida "desmoronar". "Perdi um bebê, meu marido não agüentou meu processo de depressão e pediu a separação e eu me sinto mal, por ser vista no local de trabalho como uma pessoa inútil."

Em sua ação, A.F. pedia indenização de R$ 100 mil. O juiz que cuida do processo reconheceu o assédio, mas determinou o pagamento de R$ 30 mil, e o Santander Banespa recorreu.

Fonte: Contraf-CUT

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