A Crefisa desrespeitou compromissos e direitos dos funcionários do Banco Português de Negócios (BPN), que passou a controlar este ano. De acordo com denúncias publicadas pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, cerca de 40 funcionários que trabalhavam para a instituição financeira portuguesa tiveram quebrada a garantia de que seus empregos seriam mantidos por pelo menos seis meses após a consolidação da aquisição.
O negócio de € 13 milhões, segundo o jornal Valor Econômico, foi anunciado no início do ano. De acordo com o sindicato, o desligamento ocorreu no momento da concretização da compra. “Foi uma situação extremamente vexatória. Colocaram todos juntos numa sala, mandaram embora e não permitiram que a gente voltasse aos nossos assentos. Pediram para fazermos o exame demissional, e as pessoas que depois foram pegar seus pertences ainda tiveram de passar por uma revista para ver o que estavam levando”, relata uma funcionária.
As demissões foram acompanhadas de violações da convenção coletiva de trabalho e da legislação trabalhista, envolvendo inclusive a perda de atendimento médico por pessoas em tratamento.
A Crefisa – conhecida no mercado por “socorrer” cidadãos endividados, emprestando com facilidades e desfrutando de taxas de juros que estão entre as mais altas do mundo – tornou-se uma das marcas mais conhecidas do país nos últimos anos ao promover pesados investimentos em publicidade. Segundo a revista Exame, teriam sido comprometidos R$ 200 milhões até 2018 em patrocínios no Palmeiras. A financeira também é a principal anunciante do Jornal Nacional.
“Quando começamos a investir, vimos a força do futebol. A Crefisa é uma marca nacional, somos grandes anunciantes da televisão, estamos presentes em todo o território nacional. A nossa visibilidade é absurda”, disse a presidente da empresa – que também controla a Faculdade das Américas – Leila Pereira, em recente entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. “O futebol é uma paixão nacional, então, eu atinjo a todos os públicos. E a televisão, por exemplo, sou patrocinadora do principal telejornal do Brasil.”
Para se ter ideia, apenas um jogador do Palmeiras, o volante afastado Felipe Melo, teria recebido este ano R$ 4,3 milhões, segundo o portal Globo Esporte – o que equivale a uma média mensal superior a R$ 530 mil. É possível que a soma de todos os vencimentos dos demitidos do BNP pela Crefisa não atinja, em um ano, o que o volante faturou em um mês.