(São Paulo) Os próximos dois anos devem assistir a novos crescimentos da oferta de crédito ao consumidor. Segundo reportagem publicada no jornal O Estado de S.Paulo, a redução da taxa Selic para 13,25% na semana passada trouxe a expectativa de ampliação de 25% a 30% no volume de empréstimos. A projeção é baseada em um crescimento da economia de 3% a 3,5%.
Em 2006, o total de empréstimos deve chegar a R$ 200 bilhões, perto de 30% em relação ao ano anterior. Até outubro a cifra era de R$ 189 bilhões, 21,8% mais que em dezembro de 2006, segundo o Banco Central. Modalidades como o crédito consignado, o aumento do prazo e a própria redução, ainda que lenta e bastante moderada, das taxas cobradas pelos bancos, são apontadas como responsáveis pelos resultados.
Mas os juros cobrados continuam abusivos. Segundo pesquisa mensal do Procon de São Paulo sobre juros bancários, a taxa média cobrada ao ano no empréstimo pessoal estava em 86,07% em média. No cheque especial, a média anualizada foi de 156,13%.
Para Carlos Cordeiro, secretário geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), a redução dos juros precisa ocorrer tanto para o consumidor quanto para o setor produtivo. “O crédito para adquirir um carro ou um imóvel também é importante, porque ajuda a aquecer a economia. Mas a indústria, o comércio, a agricultura também precisam de uma linha de crédito maior e mais barata para investir no crescimento do país”, comenta.
Cordeiro sustenta ainda que a redução do spread bancário é uma das medidas urgentes e necessárias para um crescimento maior com distribuição de renda. “O governo já anunciou um pacote para favorecer a redução do spread. Agora só falta os banqueiros deixarem a ganância de lado. Nos últimos anos, o Brasil tem reunido todas as condições para que o spread efetivamente caia. Mas ele não cai e continua sendo um recorde mundial só porque os bancos querem lucrar cada vez mais, mesmo que seja explorando os clientes. As tarifas e taxas são indecentes, o crédito é escasso e voltado para o consumo e os juros são uma extorsão”, finaliza.
Fonte: Contraf-CUT