Correio Braziliense: BB e Caixa terão cartões de crédito com bandeira própria

Correio Braziliense
Vânia Cristino

O governo já bateu o martelo. Os bancos públicos serão atores principais na intervenção que ocorrerá no mercado de cartão de crédito, com o intuito de reduzir as taxas de juros cobradas dos consumidores e os custos impostos aos lojistas. Tanto a Caixa Econômica Federal quanto o Banco do Brasil lançarão, em breve, cartões com bandeira própria para competir com as tradicionais marcas Visa, Mastercard, Diners, American Express e Hypercard.

O que mais está animando a presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, e o presidente do BB, Aldemir Bendine, é que não há necessidade de legislação especial para que as duas instituições imponham mais competição no mercado de cartões. “Não existe exclusividade, apesar de duas empresas, a Visanet e a Redecard, dominarem mais de 90% do mercado, controlando desde a emissão de cartões até a operação das máquinas nas lojas. Só não entramos antes porque não era vantajoso. Agora está”, disse um executivo de um dos bancos públicos.

Segundo ele, por uma questão estratégica, nem o BB nem a Caixa anunciarão com antecedência o lançamento de seus cartões próprios. O planejamento e as análises do mercado estão sendo feitas e o lançamento será rápido, de forma a surpreender a concorrência. “Não vamos entrar nesse jogo para perder. Temos um leque de clientes muito grande, aos quais vamos oferecer produtos mais compatíveis com a realidade do país, de juros baixos e estabilidade da inflação”, acrescentou o executivo.

Os focos dos cartões da Caixa e do BB serão complementares. O Banco do Brasil deve mirar mais as classes média e alta e a Caixa, o público de renda menor, que não necessita de um cartão internacional. “Mas é bom ficar claro: vamos trabalhar com todos os públicos. Quem quiser ter os cartões com as bandeiras do BB e da Caixa vai ter”, explicou outro envolvido nos negócios. “Estamos falando em um mercado de expansão, que nos permitirá um ganho de escala enorme. São mais de 150 milhões de cartões circulando pelo país e 1,2 milhão de maquininhas (POS) no comércio, sem contar o universo da internet”, assinalou. “Vamos ganhar no volume. As bandeiras atuais terão de rebolar para nos acompanhar”, emendou.

Questão de custo

Quando os bancos oficiais entrarem no mercado o terreno já estará pronto. A Comissão Especial da Câmara dos Deputados que analisa o impacto da crise econômica no sistema financeiro aprovou relatório que reduz o poder de mercado das grandes operadoras de cartão. Além disso, o Banco Central se comprometeu a apresentar, até o fim de setembro, a proposta de regulação do setor, que é o meio de pagamento que mais cresce no país.

O relatório da Comissão Especial proíbe a exclusividade das bandeiras, permite que aos credenciadores trabalhem com mais de uma bandeira e incentiva o compartilhamento das máquinas que realizam as operações. Aliás, a exclusividade que ainda existe nesse mercado e que vai acabar até o meio de 2010 é a da captura das informações, que obriga os lojistas a terem várias máquinas no seu estabelecimento, já que a da Visanet, por exemplo, não lê a da Redecard. Para os bancos públicos entrarem no negócio bastará, portanto, convênio com as credenciadoras. Para os clientes aceitarem os novos cartões a questão é o custo.

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