O Sindicato dos Bancários do Ceará usou a Literatura de Cordel, gênero literário de forma rimada, popular em todo o Nordeste, para expressar as práticas antissindicais adotadas pelo Bradesco durante a greve nacional dos bancários.
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Segundo Carlos Eduardo, presidente Sindicato dos Bancários do Ceará e da Fetrafi-NE, “a todo o momento os bancários mostram criatividade e cultura, principalmente neste período, que se mantém inquietante pela frustração das negociações com os bancos que levaram os bancários à greve”.
“O cordel foi o mecanismo usado pelos bancários para denunciar à sociedade as práticas antissindicais cometidas pelo Bradesco. Também fortalece a mobilização e contribui para quebrar a intransigência dos bancos. Este é o caminho para atingir uma proposta de emprego decente”, afirma Carlos Eduardo.
Confira abaixo a Literatura de Cordel
Autor – Tomaz de Aquino
Lá na cidade de Deus
Que mais parece um inferno
Fica a sede do Bradesco
Banco que se diz moderno
Mas recorre ao interdito
Instrumento medieval
Para acabar com a greve
Direito mais que legal
“Presença” ele se intitula
Tirando uma de bonzinho
Que diz atender a todos
Do ricaço ao pobrezinho
Na verdade o que ele almeja
e busca a todo vapor
é o rico dinheirinho
do barão, do camelô
Prá continuar explorando
O povo e a categoria
inventa tarifa nova
E meta prá todo dia
Demite trabalhador
Faz bancário de vigia
Cobra trabalho noturno
De olho na mordomia
Agora em tempo de greve
Afronta a democracia
Em conchavo com a justiça
Pratica estripulia
Impedindo o Sindicato
De chegar perto da agência
Prá realizar seu trabalho
Com harmonia e decência
Lucrou quase 4 bi
Só no primeiro semestre
Encheu as burras de novo
Isso sempre acontece
Paga piso miserável
Lucro não quer repartir
E o direito de greve
Agora quer coibir
Mas bancário não é besta
População também não
Prá engolir a conversa
Fiada de tubarão
Com o Sindicato do lado
Vamos partir afiados
Prá buscar o que é nosso
Honrar o nosso quinhão
A greve se mantém forte
E vai ficar muito mais
Quando os bancários e o povo
Mandarem esse Caifás
Que atende por “Presença”
Sem peso na consciência
Sem carta de indulgência
Pros braços de Satanás
Vou terminar minha prosa
Pedindo à população
Que apóie a justa luta
Dos bancários da Nação
Que querem o Banco pro povo
Com crédito de baixo custo
Sem fila e sem enganação
Pagando salário justo.