Na campanha salarial de 1992, em tempos de impeachment a Collor, os bancários conquistaram, pela primeira vez na história das lutas dos trabalhadores brasileiros e na negociação, o direito ao tratamento igualitário no Brasil.
Assim, há 18 anos, um só acordo coletivo rege as relações entre bancários e bancos. Os índices de reajuste, pisos de ingresso, os vales refeição e alimentação são os mesmos em São Paulo, Osasco, Acre, Bahia, Rio…
“Até então, a maioria das decisões trabalhistas acontecia com a intervenção da Justiça, com a instauração de dissídio. E sempre defendemos que as questões salariais têm de ser resolvidas na mesa de negociação. Assim, essa convenção foi fruto de um grande processo de diálogo não só com os bancos, mas também com os sindicatos de todo o país. Uma unidade perseguida há muitos anos e que havia sido sufocada pela ditadura militar”, lembra o então presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Gilmar Carneiro.
Ricardo Berzoini, deputado federal (PT-SP), à época na presidência da antiga Confederação Nacional dos Bancários (CNB), que mais tarde deu lugar para a Contraf-CUT, também participou das negociações.
“A convenção nacional serve também para proteger o emprego dos trabalhadores. São muitos os casos em que grandes corporações mudam suas concentrações para outros estados ou municípios, buscando precarizar as condições de trabalho. Um acordo que estabelece as mesmas conquistas para todos, em termos de pisos, reajustes, verbas, trava esse tipo de manobra”, relata Berzoini.
Conquistas
A partir desse episódio e com a ampliação da unidade e fortes mobilizações, diversas conquistas se incorporaram à Convenção Coletiva Nacional, que hoje tem 57 cláusulas, entre elas a cesta-alimentação (conquistada em 1994), PLR (em 1995) e a 13ª cesta-alimentação (2007).
Além disso, avanços como a inclusão de cláusula sobre igualdade de oportunidades (2000) e a ampliação da licença-maternidade para 180 dias (2009).
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O presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, avalia a convenção nacional como o principal avanço para a categoria nas últimas décadas. “Nosso acordo virou referência para outras categorias no Brasil e em vários países no mundo, a partir do momento que congrega trabalhadores de todos os bancos e de todas as localidades. Uma unidade que fortalece a mobilização”, afirma.
“Todas essas conquistas só vieram com muita luta de diversas gerações de bancários e são referência para a sociedade, como a recente ampliação da licença-maternidade, imprescindível para o desenvolvimento do bebê”, afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira.
“Foi com essa mesma garra que nos últimos seis anos asseguramos o aumento real nos salários. Vamos continuar lutando por cláusulas que assegurem o combate ao assédio moral e o fim das metas abusivas, o auxílio-educação para graduação e pós, a valorização dos pisos, além de melhores condições de trabalho, aumento real e PLR maior”, acrescenta.