Os trabalhadores do Santander Banefe Multinegócios, filial chilena do banco espanhol e principal empresa financeira do país, estão em greve desde o dia 3 de julho. A Contraf/CUT apóia a luta dos companheiros chilenos, que têm sido vítimas de atos de violência por parte da direção do banco.
Representados pela Federação do Grupo Santander da Confederação dos Bancários do Chile, os trabalhadores lutam por um piso salarial de R$ 200 mil pesos (US$ 400), direito a alimentação, transporte e um abono de fim de conflito. No entanto, a violência tem sido a resposta do Santander às demandas dos bancários.
Já no primeiro dia de greve, a polícia foi acionada para reprimir os trabalhadores, resultando em 82 bancários presos. A ação policial aconteceu por conta de uma armadilha preparada pela direção do banco: os seguranças da agência fecharam as portas, impedindo os grevistas de saírem do local, justificando assim a ação para expulsar os trabalhadores. Em relato recebido pela Contraf/CUT, os sindicalistas chilenos afirmam que o banco operou “com os mesmo métodos da ditadura”.
No dia seguinte, os trabalhadores realizaram a manifestação fora do banco. Mesmo assim, o sindicalista Marcelo Rojas Cruz foi violentamente agredido pelos guardas do banco. Segundo relato, Cruz foi arrastado pelos cabelos para dentro do banco, onde um grupo de oito seguranças realizou um verdadeiro espancamento. Quando a polícia chegou, o chefe de segurança do banco e mandante das ações, Donald Segovia, escondeu os agressores para evitar sua prisão. Marcelo está em delicado estado de saúde e segue em observação médica.
A Contraf/CUT encaminho uma carta de repúdio às atitudes do Santander a diversos diretores do banco. O texto exige “a solução do conflito e o fim imediato de tão repudiáveis condutas, reconhecendo seus erros no processo”, a fim de promover com o movimento sindical “uma mesa de diálogo tão necessária e urgente neste momento”.
Leia abaixo a íntegra da carta:
Apreciado Senhor:
Em nome da entidade sindical bancária do Brasil Contraf-CUT, afiliada à UNI Sindicato Mundial, que representa seis milhões de trabalhadores (as) agrupados em todo o continente, e que entre seus mais apreciados valores estão a democracia, o respeito, a liberdade e os Direitos Humanos, repudiamos enfaticamente os inadmissíveis atos de abusod e poder ocorridos na cidade de Santiago de Chile durante o desenvolvimento de Greve iniciada pelos trabalhadores do Banco Santander BANEFE, onde dirigentes sindicais foram brutalmente agredidos física e psicologicamente por agentes de Segurança da empresa, no interior de suas instalações.
É inconcebível que atos assim ocorram dentro ou fora das instalações do Banco, já que somos partidários de que o diálogo é a única ferramenta que permitirá dirimir os conflitos com ocasião das relações de trabalho, não podemos recorrer à violência quando os esforços sempre sejam encaminhados ao diálogo que deve ser instaurado de maneira firme e segura para as partes.
Santander como empresa mundial que afirma atuar sob os valores y princípios de responsabilidade social, e que diz reconhecer a seus trabalhadores como peças fundamentais no desenvolvimento de sua atividade, deverá na prática cotidiana respeitar estes princípios. Já que os atos de violência de que foram objeto os dirigentes sindicais no interior de suas instalações, não refletem a vontade de resolver o conflito, como tão pouco os princípios que professa.
Repudiamos este atentado contra a vida, a liberdade e a democracia já que os dirigentes sindicais representam cada um dos trabalhadores e esta agressão os fere a todos e a cada um deles, vemos com verdadeira admiração que esta entidade traga para os tempos atuais condutas do passado nefasto e sombrio da historia recente do Chile.
Por isso, exigimos em caráter urgente de Santander e Banefe Multinegocios a reivindicação dos Direitos dos Trabalhadores, a solução do conflito e o fim imediato de tão repudiáveis condutas, reconhecendo seus erros no processo, promovendo com o movimento sindical, em especial com nossa afiliada, a Confederação de Sindicatos de Trabalhadores de Empresas Bancárias e afins do Chile, CSTEBA, uma mesa de diálogo tão necessária e urgente neste momento.
Estamos seguros que Santander Banefe Multinegócios Chile compreende a importância de uma pronta solução para este conflito, atendendo a gravidade dos fatos denunciados. Ficamos na espera de uma resposta satisfatória para esta solicitação.
Vagner Freitas
Presidente
Ricardo Jacques
Secretário de Relações Internacionais