(São Paulo) A Contraf-CUT reúne-se nesta segunda-feira, dia 9, com o secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, para discutir o problema da segurança bancária. A audiência será às 14h30, na sede da Secretaria em Brasília.
Durante o encontro, os bancários vão pedir o apoio da Secretaria para barrar a crescente onda de assaltos a banco, que assola todo o país.
“Chegamos a níveis alarmantes, mas nem o agravamento do problema e nem mesmo o apelo nacional por mais segurança sensibilizaram os bancos para que as diretorias tomassem alguma atitude para conter a onda de violência. Agora vamos ao secretário nacional de Segurança Pública pedir apoio nesta luta, que hoje não é mais só dos bancários”, explicou Carlos Cordeiro, secretário-geral da Contraf-CUT.
Confira abaixo a íntegra da carta que será entregue ao secretário Luiz Fernando Corrêa.
Senhor Secretário,
Os bancários de todo o país estão preocupados com o crescente número de assaltos a bancos que atinge praticamente todas as regiões do Brasil, desde as pequenas cidades até as grandes metrópoles.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), que representa mais de cem sindicatos e 90% dos bancários do país, vem ao senhor solicitar que esta Secretaria intervenha para que o problema da segurança bancária seja resolvido.
Esta Confederação participa desde 1995 da Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Pública (CCASP), que assim como a sua Secretária é parte integrante do Ministério da Justiça. Por meio deste órgão, temos constatado um aumento significativo das autuações contra os bancos por falta de segurança. Os números impressionam, principalmente de 2004 para cá, como o senhor pode observar no documento em anexo.
A negligência das instituições financeiras vai desde a falta de porta giratória com detector de metais nas agências e, principalmente, no auto-atendimento, até a ausência de sistema de alarme, passando pelo número de vigilantes, que é insuficiente e sem treinamento. Inclusive há agências que não contam com nenhum vigia.
Ao invés de corrigir as falhas, os bancos preferem pagar as multas, porque saem mais baratas que a contratação de mais vigilantes ou a implantação de uma porta giratória, por exemplo. No afã de lucrar cada vez mais, os bancos estão deixando a vida de clientes e usuários à mercê dos bandidos, que se sentem praticamente “convidados” a assaltar os bancos, tamanha a facilidade que encontram.
Mas, se a situação das agências está assim, pior é para os correspondentes bancários, cuja segurança é praticamente zero. As casas loterias, lojas de departamentos e grandes magazines fazem hoje praticamente os mesmos serviços das agências bancárias, sem passar por qualquer adaptação no sistema de segurança.
Há também o problema do transporte irregular de valores feito por bancários. Os bancos também costumam obrigar os funcionários a levar as chaves das agências e dos cofres para casa, expondo-os a um risco desnecessário. Lutamos contra esta irregularidade há anos, mas os bancos continuam com este tipo de atuação.
Por tudo isso, pedimos a intervenção do senhor nesta luta que hoje é de toda a sociedade brasileira, não mais apenas dos bancários. A população está assustada e a mídia tem repercutido muito o problema da segurança bancária. Os dados obtidos pelos próprios meios de comunicação mostram crescimento de mais de 100% nos números de assaltos na cidade de São Paulo nos três primeiros meses deste ano, comparados com igual período do ano passado. Mostram ainda que em Minas, Rio, Rio Grande do Sul e até em Rondônia a violência bancária tem crescido vertiginosamente.
Uma das formas de combatermos o problema é com a atualização da lei 7.102, que ainda prevê multas em Ufirs e seu baixo valor incentiva a infração. Outra ação fundamental é o apoio da Polícia Federal. Queremos a intensificação da vistorias nas agências, com mais efetivo policial.
A situação está insustentável e, se não tomarmos medidas eficazes para combater o assalto, a violência vai continuar crescendo, porque os bancos não estão interessados em coibir o problema. Muito pelo contrário, sua negligência expõe a vida de clientes, usuários, vigilantes e bancários.
Na certeza de contarmos com o seu apoio, agradecemos a audiência e nos colocamos à disposição para qualquer coisa.