Sindicalistas bancários de Angola, durante visita na Contraf-CUT
A Contraf-CUT recebeu na manhã desta terça-feira (23) a visita de uma delegação de oito dirigentes do Sindicato Nacional dos Empregados Bancários de Angola (SNEBA), liderada pelo vice-presidente Filipe Makengo. Eles vieram conhecer a realidade dos brasileiros, trocar experiências e fortalecer a parceria entre os trabalhadores de língua portuguesa na perspectiva de avançar nas lutas e conquistas.
Os angolanos foram recepcionados pelo presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, juntamente com o secretário de relações internacionais, Mário Raia, o secretário de finanças Roberto von der Osten (Betão), o secretário de imprensa Ademir Wiederkehr e a secretária de mulheres Deise Recoaro. Também esteve presente o presidente do Sindicato dos Bancários do ABC, Eric Nilson.
Cordeiro, que também é presidente da UNI Américas Finanças, saudou os visitantes, durante reunião. “É uma alegria recebê-los para estreitar relações”, disse. Ele fez uma análise da conjuntura e destacou os principais desafios dos trabalhadores. “O Brasil está crescendo e caminhando para ser a quinta economia mundial, mas não consegue sair da posição de 12º país com pior distribuição de renda”, acentuou. “É preciso mudar essa realidade”.
“Nos governos Lula e Dilma, as políticas sociais, como o programa bolsa família e a valorização do salário mínimo, tiraram milhões de brasileiros da miséria. Agora o desafio é transformar crescimento em desenvolvimento econômico e social”, apontou.
O presidente da Contraf-CUT focou também a atuação do sistema financeiro nacional, denunciando a política dos bancos de melhorar a eficiência através da redução de custos. “Combatemos a rotatividade e a redução de postos de trabalho e cobramos contrapartidas sociais dos bancos, como a geração de empregos”, salientou.
“Estamos muito preocupados com a tramitação na Câmara Federal do projeto de lei 4330, do deputado Sandro Mabel, que libera a terceirização no Brasil, chegando agora ao ponto de estabelecer a criação de empresas especializadas, exceto para correspondentes bancários, o que é um absurdo”, denunciou Cordeiro.
O dirigente da Contraf-CUT frisou ainda os problemas de saúde e segurança, citando que no ano passado 57 pessoas foram assassinadas em assaltos envolvendo bancos, atingindo clientes, vigilantes, policiais, bancários e transeuntes. “Queremos também o fim das práticas antissindicais dos bancos, bem como uma reforma política, de modo que haja mais representantes no parlamento para defender os interesses dos trabalhadores”, acrescentou.
O secretário de finanças fez uma exposição, mostrando a estrutura da Contraf-CUT e a experiência da Campanha Nacional dos Bancários. Betão destacou a construção da unidade nacional, a participação da categoria e a força da mobilização.
Ademir salientou a importância da comunicação da Contraf-CUT, distribuindo revistas e a publicação alusiva aos 20 anos da Convenção Coletiva Nacional, hoje uma referência para outras categorias, como os metalúrgicos. Deise chamou a atenção para a luta por igualdade de oportunidades, destacando a participação das mulheres e o combate às discriminações no trabalho e na sociedade.
O vice-presidente do SNEBA agradeceu a recepção da Contraf-CUT, salientando que há 18 mil bancários em Angola, sendo que 75% são mulheres. “Não temos cotas de gênero no país e 35% dos cargos no executivo e no legislativo são ocupados por mulheres”, enfatizou Filipe.
Mario Raia concluiu anunciando que “o sindicalismo brasileiro está construindo um processo de cooperação para a formação de dirigentes sindicais em Angola, a exemplo do apoio recebido aqui em outra época do movimento sindical europeu”. Para ele, “é importante romper barreiras, como propõe a UNI Sindicato Global, a fim de fortalecer as lutas globais e ampliar as conquistas dos trabalhadores em todo mundo”, apontou.