Bancários brasileiros estreitam parceria com sindicalistas espanhóis
A Contraf-CUT recebeu na manhã desta sexta-feira, dia 9, em São Paulo, a visita de Márcio Monzane, chefe mundial da UNI Finanças, e de Manuel Rodriguez (Manolo) e Francisco José García Utrilla (Pepe), dirigentes da Federación de Servicios Financeiros y Administrativos, da Confederación Sindical de Comisiones Obreras (CCOO), da Espanha.
Eles foram recepcionados pelo presidente da Contraf-CUT e da UNI Américas Finanças, Carlos Cordeiro, e vários diretores executivos. Enquanto Márcio e Manolo já estiverem diversas vezes nas dependências da entidade nacional dos bancários, Pepe que é novo secretário de relações internacionais fazia a sua primeira visita ao Brasil.
Cordeiro deu as boas-vindas aos dirigentes da UNI e CCOO e destacou três grandes lutas dos trabalhadores brasileiros: a reforma política, para garantir o financiamento público das campanhas e avançar na representação da sociedade nos parlamentos e no poder executivo; a reforma tributária, a fim de tornar mais justa a cobrança dos impostos, pois hoje quem mais paga são os trabalhadores; e a regulamentação do sistema financeiro, para que os bancos atendem os interesses da sociedade.
O presidente da Contraf-CUT também apontou os principais problemas dos bancários. “Apesar dos lucros gigantescos, os bancos praticam alta rotatividade de mão de obra, geraram apenas 18 mil empregos até setembro deste ano e dois grandes – Itaú Unibanco e Santander – anda cortaram mais de 4 mil vagas”, disse. “Queremos emprego decente, com estabilidade, saúde, segurança e remuneração digna”, defendeu Cordeiro.
Roberto von der Osten, secretário de finanças da Contraf-CUT, fez uma apresentação sobre a estrutura e a organização dos bancários no Brasil, frisando o processo democrático de construção da Campanha Nacional. Ele também explicou o funcionamento do movimento sindical e a atuação da Contraf-CUT.
Márcio, que é brasileiro, salientou a importância da visita, como forma de ampliar as parcerias, fortalecer a solidariedade internacional e avançar na luta por negociações para firmar acordos marco globais.
Crise europeia
Os espanhóis agradeceram a acolhida. Pepe disse que “a organização da Contraf-CUT é parecida com a CCOO”. Ele considerou muito importante a organização das comissões por bancos, pois contribui para ampliar a participação dos trabalhadores.
Manolo ressaltou que estava “em casa” na Contraf-CUT, lembrando que há mais de 10 anos atua na representação internacional dos bancários espanhóis. “Somos hermanos e crescemos juntos”, salientou.
“A situação na Europa é muito delicada”, alertou. “O desemprego na Espanha atinge 21%, o que é insustentável. Cerca de 47% dos jovens até 25 anos estão desempregados”, citou. “No setor financeiro, o emprego vem sendo mantido com saída de trabalhadores para a aposentadoria, mas isso pode mudar”, observou.
Segundo Manolo, o sistema financeiro da Espanha é formado por bancos privados e as “cajas de ahorros” (caixas de poupança), sendo que estas sofreram uma redução de 45 para 15 instituições, forçando “saídas voluntárias” de trabalhadores.
O dirigente espanhol enfatizou ainda que os problemas de capital do Santander na Espanha são decorrentes da necessidade de se ajustar às regras de Basileia III. Ele afirmou que, conforme dados apresentados pelo banco no Comitê de Empresa Europeu, cerca de 45% dos ativos estão em euros, 30% em libras e 25% em dólares.
Também participaram da reunião Ademir Wiederkehr, Neemias Rodrigues, Wiliam Mendes e Geraldo Ferraz, diretores da Contraf-CUT.