(São Paulo) Por mais de três horas, dirigentes da Contraf-CUT discutiram com a psicóloga Lis Andréa Soboll a complexidade dos elementos que envolvem o assédio moral. A reunião teve início com a apresentação de Lis de sua tese de doutorado em andamento, com o título: "Gestão de Pessoas, Assédio moral e violência psicológica no trabalho bancário", que será publicada em março de 2007.
Seu estudo, de cerca de três anos, analisou em profundidade 28 casos de funcionários de oito instituições financeiras diferentes na região sul do país. Embora a pesquisadora não tenha feito o trabalho por encomenda do movimento sindical, alguns apontamentos preliminares do estudo indicam semelhança em pesquisa feitas pelos sindicatos, como a que está disponível no site (clique aqui), onde se traçou um panorama em nível nacional da questão. Já na tese da psicóloga, o foco foi a problemática da violência psicológica, usada como mecanismo de gestão, com finalidade de gerar mais lucratividade para o banco.
Foram os relatos de uma a duas horas de funcionários que indicaram à pesquisadora os detalhes das causas e conseqüências do assédio moral, que vão desde depressão e outros transtornos mentais até problemas físicos. Dos entrevistados, 68% estão na ativa, 54% estão no cargo de supervisão, 61% são do sexo feminino, 57% têm entre 25 e 35 anos e 57% eram de bancos privados.
Para os dirigentes presentes, a discussão foi relevante para que a abordagem dos casos de assédio moral pelos sindicatos seja repensada. "Conseguir tirar um gerente ‘assediador’ de uma agência ajuda a mostrar a outros que devem mudar sua postura e tomar mais cuidado", comentou o secretário de saúde da Contraf-CUT, Plínio Pavão. "Agora, se sai o funcionário e o problema persiste naquele local de trabalho demonstra que a pressão vem da corporação", completou o secretário geral da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.
Foram as indagações como "quem é o verdadeiro agressor?" ou "o que leva ele a agredir?" que trouxeram à tona o problema das metas abusivas e irrealistas (como definiu Lis), no sentido de não serem voltadas ao quanto se produziu, mas sim em quanto aquilo deu de resultado, que no caso bancário é subjetivo. Pois depende do outro, ou seja, se o cliente tem ou não recurso e interesse para comprar aquilo que bancário lhe oferece.
"Fico lisonjeada de poder ajudar a categoria e chamar a atenção para a importância do ser humano e a ‘desumanização’ das empresas", concluiu a pesquisadora.
Convenção Coletiva
Toda esta discussão foi bastante conveniente, tendo em vista que dentro de 13 dias será formado um grupo de trabalho previsto na cláusula 53ª da CCT para tratar do tema: "prevenção coletiva de conflitos no ambiente de trabalho".
Fonte: Contraf-CUT