A Contraf-CUT apoia as mobilizações pelo “Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho”, que ocorre neste domingo, 28 de abril. No Brasil e em vários países do mundo, como Espanha, Portugal, Argentina, Peru e Taiwan, a data é lembrada com manifestações, atividades, seminários, denúncias e reflexões em torno dos problemas que envolvem os acidentes, as doenças e o mundo do trabalho.
A celebração também é significativa para os bancários por se tratar de uma das categorias profissionais que mais adoecem no país, devido ao ritmo intenso de trabalho, metas abusivas, lesões por esforços repetitivos e problemas psíquicos, dentre outros.
Segundo Walcir Previtale, secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT, os bancários sofrem no ambiente de trabalho com o esgotamento físico e mental ao longo de jornadas extenuantes, sem pausas para descanso e pressionados por um ritmo intenso de trabalho cada vez mais acelerado. “São metas de produção inalcançáveis e sempre crescentes. Os bancários ainda convivem com o risco de assaltos e sequestros, sendo levados a dar conta de inúmeras tarefas”, afirma.
Segundo o dirigente sindical, os bancários também são submetidos a uma avaliação individual de desempenho, utilizada largamente por todos os bancos para medir quem bateu as metas impostas e expor aqueles que não conseguiram. “Somente o resultado é considerado pelos bancos, ou seja, a meta deve ser alcançada de qualquer maneira. Não há espaço para diálogo nos locais de trabalho para discutir as dificuldades de se atingir uma dada meta”, diz Walcir.
28 de abril
A definição de 28 de abril como Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho surgiu no Canadá, por iniciativa do movimento sindical, como ato de denúncia e protesto contra as mortes e doenças causados pelo trabalho, espalhando-se por diversos países. Esse dia foi escolhido em razão de um acidente que matou 78 trabalhadores em uma mina no estado da Virgínia, nos Estados Unidos, no ano de 1969.
Embora desde 2003 a OIT consagre a data à reflexão sobre a segurança e saúde no trabalho, o movimento sindical mantém o espírito de denúncia e de luta que a originou, dando visibilidade às doenças e acidentes do trabalho e aos temas sobre Saúde do Trabalhador em discussão na agenda sindical.
Acidentes de trabalho
O anuário estatístico da Previdência Social aponta que em 2011 ocorreram 7.158 casos envolvendo acidentes de trabalho na categoria bancária. As ocorrências foram superiores ao ano anterior, quando totalizaram 6.148 casos.
Considerando todas as categorias, foram 711.164 casos registrados em 2011. O número também é superior a 2010, quando ocorreram 703.474 casos.
Vale ressaltar que os números envolvendo acidentes de trabalho registrados pelo INSS, são subnotificados, considerando os bancários/as que ficaram afastados do trabalho, porém em um período inferior a 15 dias, aqueles que tiveram seus direitos negados pela Previdência Social, aqueles que sequer o banco encaminhou para o “auxílio-doença (ocultação) e aqueles que foram demitidos antes de qualquer afastamento do trabalho.
“Muitos são os motivos para que todos participem das atividades dos sindicatos. Segundo estudos do Dieese, já tivemos cerca de 1 milhão de trabalhadores no país, e atualmente este número foi reduzido pela metade. Atualmente, o bancário trabalha sobrecarregado devido a falta de pessoal e ainda é obrigado a conviver com a ameaça da terceirização e a constante introdução de novas tecnologias que colaboram para eliminar postos de trabalho”, afirma Walcir.
“Com isso, a categoria bancária tem procurado ao decorrer dos anos dialogar com o significado do ‘Dia 28 de abril’ e tem buscado, em conjunto com o movimento social e sindical da classe trabalhadora, participar de toda movimentação em torno da data, conclui Walcir.