A Contraf-CUT lançou nesta quinta-feira 31, em São Paulo, o Caderno de Igualdade de Oportunidades, publicação que traz dados, diagnósticos e diretrizes de atuação para o movimento sindical bancário no combate a toda forma de discriminação de gênero, de raça, de orientação sexual e de pessoas com deficiência dentro dos bancos.
A publicação sobre igualdade de oportunidades é a segunda da série Cadernos da Contraf-CUT (o primeiro foi sobre assédio moral), que tem o propósito de contribuir para a formação e qualificação dos dirigentes sindicais bancários sobre os temas mais importantes da agenda do movimento sindical.
‘Papel do dirigente sindical é combater a discriminação’
“Esse é um antigo projeto da Contraf-CUT. Temos cinco mil dirigentes sindicais e achamos importante elaborar estudos e pesquisas para contribuir na formação e qualificar a ação de todos nós, na luta para transformar o Brasil num país mais justo, mais igualitário e mais fraterno”, afirmou no lançamento Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT, depois de agradecer a hospitalidade da Fetec São Paulo pela cessão do auditório.
“É papel de todo dirigente sindical se capacitar e lutar contra as discriminações, mesmo que ele não pertença a nenhuma dessas populações discriminadas”, acrescentou Carlos Cordeiro, parabenizando a Comissão de Gênero, Raça e Orientação Sexual (CGROS) pelo papel importante que desempenha na formulação das políticas de igualdade de oportunidades.
O presidente da Fetec São Paulo, Luiz César de Freitas (o Alemão), defendeu a ampliação do debate sobre igualdade de oportunidade em todas as entidades sindicais. “Já houve avanços importantes nessa área, mas precisamos aproveitar esse momento em que temos um governo popular para avançarmos ainda mais e acabar com as desigualdades, rumo a um país justo para todos e para todas”, declarou Alemão.
A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvândia Moreira, defendeu a necessidade de se fazer um esforço permanente de sensibilização dentro das próprias entidades sindicais para combater estereótipos que alimentam o preconceito. “Quando o tema igualdade foi incorporado como eixo de campanha, houve resistência. Diziam que não mobilizava. E quando conquistamos a mesa temática, o Comando Nacional teve de passar por um treinamento porque não sabia como tratar esse tema”, lembrou Juvândia.
“O movimento sindical bancário evoluiu muito, mas estamos longe do ideal. É importante fazer a discussão das relações compartilhadas. Estamos numa conjuntura favorável para avançarmos essa luta contra as discriminações, que existem nos locais de trabalho e na sociedade”, acrescentou a presidenta do Sindicato de São Paulo.
Alinhamento com as campanhas da CUT
Participaram do lançamento do Caderno, realizado no auditório da Fetec São Paulo, o Comando Nacional dos Bancários, além de representantes de movimentos que lutam pela igualdade de oportunidades. Entre eles compareceram Maria Luiza da Costa (Luizinha), representando Rosane Silva, secretária Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT; o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), um dos articuladores da criação da Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais); e frei David Raimundo Santos, filósofo, teólogo e fundador da Educação e Cidadania de Afrodescendetes e Carentes (Educafro).
Depois que o economista Miguel Huertas, da subseção do Dieese na Contraf-CUT, apresentou um resumo dos estudos e pesquisas contidos no Caderno de Igualdade de Oportunidades, a representante da CUT Maria Luiza da Costa elogiou a iniciativa dos bancários. “Ela tem tudo a ver com as lutas e campanhas da Central Única dos Trabalhadores, que tem como prioridade este ano a 4ª Marcha das Margaridas. Temos uma meta ambiciosa, que é levar 100 mil trabalhadoras urbanas e rurais a Brasília em agosto”, disse Maria Luiza.
Frei David Raimundo Santos, da Educafro, relatou a longa luta que sua entidade vem travando para combater a discriminação contra os negros no mercado de trabalho, inclusive nos bancos. Essa iniciativa da Educafro foi importante para forçar as instituições financeiras a discutirem a discriminação em vários fóruns, o que contribuiu para convencer os bancos a aceitarem a elaboração do Mapa da Diversidade.
Isaías Dias, diretor da Fetec SP e da Afubesp, fez um histórico da evolução do tratamento que a sociedade dispensa às pessoas com deficiência. Durante muitos séculos prevaleceu o simples descarte social dessas pessoas. Depois passaram a ser confinadas em asilos. Mais recentemente, as pessoas com deficiência começaram a ir à luta para alcançar a integração, tendo que se virar para se adaptar ao meio hostil. Segundo Isaías, vivemos atualmente a fase da inclusão, em que a sociedade, graças à luta desse e outros segmentos, começa a incluir as pessoas com deficiência, seja na adaptação de equipamentos públicos, seja no mundo do trabalho.
Preconceito é ausência de conhecimento
O deputado federal Jean Wyllys, um dos articuladores da criação da Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais) mostrou como a sociedade, inclusive as populações discriminadas, introjetam e reproduzem os estereótipos e preconceitos machista, racista e homofóbico.
“Preconceito é ausência de conhecimento”, lembrou o deputado, defendendo a necessidade de os grupos discriminados combaterem a discriminação e ausência de solidariedade entre esses grupos diferentes. “Quem é discriminado deve ser sensível à dor do outro”, propôs.
O parlamentar, que também integra a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, assumiu o compromisso de convocar os bancos para discutir a discriminação no sistema financeiro.
Deise Recoaro, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT, fechou o evento de lançamento do Caderno fazendo um agradecimento “a todos os companheiros e companheiras da CGROS que participaram de toda essa discussão e dessa luta por igualdade, que resultou nessa publicação. Será um instrumento importante para continuarmos a combater todas as discriminações, na busca de um mundo mais justo e igualitário.”