Na terceira reunião da Mesa Temática de Segurança Bancária, ocorrida nesta quinta-feira, dia 17, em São Paulo, a Contraf-CUT cobrou dos bancos a ampliação das medidas reparatórias de assistência às vítimas de assaltos e sequestros. A rodada deu continuidade aos debates iniciados nas reuniões anteriores, nos dias 6 e 22 de abril.
Novo encontro ocorrerá no dia 20 de julho, que será o último antes das negociações da Campanha Nacional dos Bancários de 2010. Serão discutidas medidas indenizatórias e preventivas.
A novidade desta quinta-feira foi o início da discussão acerca dos seqüestros, que seguem apavorando muitos bancários e suas famílias, como ocorreu ainda no último dia 10, em Pinhais, no Paraná, com um gerente do HSBC. “A Fenaban recusou várias propostas dos trabalhadores, mas admitiu a possibilidade de implantar algumas medidas, que poderão ser concretizadas nas negociações para a próxima convenção coletiva”, avaliou o secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr.
Sequestros
“Defendemos atendimento médico e psicológico para as vítimas de seqüestros, além de tratamento e medicamentos, custeados pelos bancos. Essa assistência deve ser estendida aos familiares envolvidos, como forma de responsabilidade solidária, pois geralmente viram reféns dos bandidos”, destacou o dirigente sindical.
A exemplo das vítimas de assaltos, a Fenaban propôs atendimento médico ou psicológico para quem for sequestrado, conforme diagnóstico médico. As outras demandas foram recusadas, sob alegação de que os bancários já possuem planos de saúde. “Muitos tratamentos, no entanto, não tem cobertura e, por isso, apelamos para a responsabilidade dos bancos, uma vez que o bancário é sequestrado pela sua condição de empregado e a sua família precisa ser amparada”, rebateu o diretor do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e representante da Fetraf-MG, Leonardo Severo..
“Também defendemos o fim da guarda das chaves do cofre pelos bancários, um procedimento arcaico do século passado, mas ainda praticado por vários bancos, incompatível com os avanços tecnológicos. Há casos até de vigilantes que levam chaves do banco para casa”, salientou o dirigente sindical.
“Não queremos que esses trabalhadores continuem sendo alvo das quadrilhas e propomos a contratação de empresas especializadas em segurança, como alguns bancos já fazem, ou a implantação de controles eletrônicos para abrir e fechar agências e postos, a fim de eliminar esse risco e proteger a vida dos bancários e vigilantes”, justificou Ademir. “Lugar de chave do banco não é no bolso do bancário”, comparou o diretor da Contraf-CUT. A Fenaban, no entanto, não aceitou a proposta dos bancários.
“Ainda propomos a transferência de bancários seqüestrados para outras unidades do banco, como forma de preservar a sua integridade física e psicológica”, ressaltou o secretário-geral da Fetec-SP, Pedro Sardi. A Fenaban garantiu que o empregado terá o seu pedido de realocação avaliado pelos bancos e, se for possível, será atendido.
Assaltos
Os dirigentes sindicais reiteraram a necessidade de atendimento médico e psicológico para vítimas de assaltos, consumados ou não. A Fenaban voltou a propor atendimento médico ou psicológico, conforme avaliação médica.
Os bancários também propuseram segurança individual e acompanhamento do banco no reconhecimento e identificação de suspeitos na polícia, inclusive com advogado. A Fenaban concordou em indicar sempre um representante do banco, que poderá ser um advogado, dependendo da situação.
O pedido dos bancários de emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) para quem presenciou o assalto, consumado ou não, foi novamente recusado. A Fenaban só aceitou o preenchimento da CAT após diagnóstico médico.
Os bancos também rejeitaram a proposta dos bancários de fechamento da agência ou posto no dia da ocorrência, até que as condições de segurança sejam restabelecidas e após avaliação do quadro de saúde dos empregados. A Fenaban reiterou que defende uma avaliação técnica, com a participação de todas as áreas envolvidas do banco, para definir se o estabelecimento será fechado naquele dia ou se reabrirá e, nesse caso, em quais condições.
A proposta de comunicação dos ataques a bancos ao sindicato local, como já acontece com a Cipa, como forma de agilizar o apoio para as vítimas, foi outra vez recusada pelos bancos. Os dirigentes sindicais aproveitaram para pedir acesso às estatísticas de ataques a bancos da Fenaban, em âmbito nacional, por estados e municípios. Os banqueiros ficaram de avaliar.
Os dirigentes sindicais reiteraram ainda a necessidade de efetuar o Boletim de Ocorrência (BO) na polícia para o registro de todos os ataques a bancos. A Fenaban se comprometeu em divulgar imediatamente uma orientação aos bancos para fazer o BO de todos os casos de assaltos, tentativas e seqüestros. “Propomos estudar a inclusão de uma cláusula com esse teor na convenção coletiva, como forma de firmar esse compromisso com a categoria”, disse Ademir. A Fenaban ficou de analisar.
Ao final da reunião, a Fenaban reclamou da segurança pública. “É inegável que faltam viaturas e policiais nas ruas, há problemas de ordem prisional e a exclusão social aumentou a criminalidade. Mas os bancos têm responsabilidade e precisam fazer a sua parte para reduzir a violência na sociedade, contribuir para elevar a inclusão social e proteger a vida de trabalhadores e clientes”, concluiu Ademir.
Participação
A reunião contou com a participação de dirigentes da Contraf-CUT, Fetec-SP, Fetec-PR, Fetec-SC, Fetec-CN, Fetrafi-RS, Fetraf-MG, Feeb SP/MS, Sindicatos dos Bancários de São Paulo e Florianópolis. Também compareceram assessores jurídicos da Contraf-CUT e Sindicato de São Paulo, bem como a médica da Fundacentro, Maria Maeno.