Contraf-CUT envia carta ao Santander que quer reduzir PLR de novo

A Contraf-CUT, entidades sindicais e Afubesp enviaram nesta segunda-feira, dia 26, documento ao Santander, reivindicando que “a base de cálculo para pagamento da antecipação da PLR para os trabalhadores, os verdadeiros responsáveis pelos resultados da empresa, seja o lucro de R$ 2.44 bilhões”. O banco espanhol quer calcular a PLR pelo lucro de R$ 1,6 bilhão, o que é inaceitável.

A PLR será paga nesta quarta-feira, dia 28. Já as diferenças de ticket e cesta-alimentação referentes aos meses de setembro e outubro, bem como a 13ª cesta-alimentação, serão creditadas na sexta-feira, dia 30.

Três balanços, três lucros diferentes

Segundo o Sindicato dos Bancários de São Paulo, o Santander ataca novamente a PLR de seus funcionários, usando para isso balanços múltiplos e desculpas que não convencem ninguém. Após publicar um balanço do primeiro semestre de 2009 com lucro de R$ 1,06 bilhão, onde não estavam incluídas as operações do Real, o banco publicou uma demonstração pró-forma dos resultados do grupo que apontava para um lucro de R$ 1,6 bilhão. Na primeira quinzena de outubro, porém, o banco divulgou uma “revisão do lucro” (algo absolutamente incomum no mundo financeiro) que o elevou para R$ 2,44 bilhões.

E o Santander insiste em pagar a PLR pelos R$ 1,6 bilhão, o que fará os bancários perderem mais de R$ 300 na antecipação da PLR referente à parcela do adicional e terem um prejuízo ainda maior no pagamento da segunda parcela, inclusive na regra básica, no início do ano que vem.

“A desculpa que deram para esse absurdo foi o lucro mais baixo ter sido apurado sob as regras brasileiras e o mais alto por regras internacionais. Mas ambos os balanços foram publicados em português e para os brasileiros. Então para que duas regras?”, pergunta a diretora do Sindicato e funcionária do Santander, Rita Berlofa. Ela mesma dá a resposta. “Porque pelas normas brasileiras foi possível diminuir o lucro em mais de R$ 1 bilhão, lançando este valor como amortização do ágio pela compra do Real, ao passo que nas regras internacionais este valor foi estornado e está descrito no balanço com o valor de R$ 1,04 bilhão.”

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Rita lembra da atitude do banco no ano passado, quando publicou dois balanços e pagou os trabalhadores pelo de valor mais baixo. “Não dá para engolir um lucro para inglês ver e outro menor para pagar os trabalhadores”. Ela destaca também o valor monumental desviado para provisões, de R$ 6,7 bilhões, algo totalmente fora da realidade.

“Se revertidas as provisões e outros ajustes que o banco pratica, o lucro do banco na verdade seria de mais de R$ 8 bilhões, porque R$ 6,7 bilhões foram direcionados para provisões para possibilidade de calote, o que não é despesa. Vamos lembrar que a exclusão estes R$ 6,7 bilhões não apenas reduz a PLR mas também reduz a carga de impostos paga pelo banco. E trata-se de dinheiro que o banco investe, que é remunerado”, alerta.

IPO em alta, PLR em baixa

A atitude do Santander é ainda mais grave em se considerando a recente captação de R$ 14 bilhões no mercado brasileiro com a venda de ações, o que trouxe muita liquidez. “Eles gostam de ter o maior IPO do mundo, mas não se importam em dar aos seus bancários a menor PLR do sistema financeiro”.

As entidades vão denunciar a postura do banco para o governo, autoridades monetárias, acionistas e sindicatos mundiais. “Continuamos cobrando do Santander que respeite o Brasil e os brasileiros, algo que o banco não tem feito”, diz Rita.

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