(São Paulo) A diretoria do banco ABN no Brasil assumiu nesta sexta-feira, dia 1º, o compromisso, a pedido do movimento sindical, de levar a reivindicação dos bancários com sobre o emprego para a alta direção do grupo na Holanda. Desde que a imprensa noticiou as negociações envolvendo a venda da empresa, os funcionários do ABN/Real perderam o sono com a possibilidade de demissões em massa, principalmente se o comprador for o Santander, hoje um dos mais fortes candidatos a vencer a disputa.
Nas negociações desta sexta-feira com a Contraf-CUT, a diretora de Recursos Humanos do ABN, Mônica Cardoso, disse que também está preocupada com a situação dos 31 mil funcionários do banco no Brasil e seus familiares e se comprometeu a entregar, a pedido da Contraf, uma carta dos trabalhadores brasileiros com a reivindicação pela manutenção do emprego, seja qual for o desfecho das negociações.
Outro ponto questionado pelos bancários é a alta-rotatividade no banco, conhecida pela expressão inglesa “turn over”. “A rotatividade serve de ferramenta para o achatamento salarial no ABN. O próprio banco reconheceu o problema e disse que também vê esta situação com muita preocupação. O ABN aceitou abrir um processo de negociações sobre o ‘turn over’ e esperamos seriedade para solucionar o problema. O banco precisa assumir a sua responsabilidade social e parar de demitir quem ganha mais e tem maior experiência, em troca de empregados com salários bem menores”, explicou Gutemberg Oliveira, diretor da Fetec São Paulo e membro da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do ABN.
Salários
Outro ponto importante nas negociações desta sexta-feira foi a questão salarial, que a Contraf-CUT debate com o ABN desde fevereiro do ano passado. Os bancários lembraram que, em 1998, o funcionalismo passava por um problema semelhante ao enfrentado hoje. “Havia uma grande defasagem na curva salarial. Naquele momento valia mais à pena trabalhar como caixa do que ser supervisor de operações ou subgerente. Brigamos muito com o banco e após muita pressão e acirramento do movimento sindical, com muitas paralisações envolvendo centenas de bancários, o banco finalmente atendeu as reivindicações e corrigiu as distorções. Hoje, o banco conseguiu acabar com todas as conquistas daquele período e enterrou seu plano de cargos e salários. Fizemos este relato e exigimos o cumprimento do compromisso firmado em 1998”, afirmou Marcelo Gonçalves, coordenador da COE.
Os bancários apresentaram uma série de dados que mostram as distorções no banco. Um exemplo é o caso do gerente geral de serviços, cujo salário para a mesma função e cargo varia entre R$ 2.100 e R$ 6 mil. “Essa desvalorização gera uma insatisfação muito grande entre os funcionários e poderá ser maior se o ABN não resolver o problema. Há uma desvalorização gritante e ela mata qualquer vontade dos bancários em fazer carreira no banco. As diferenças em nível nacional, com relação às diversas praças, é maior ainda”, comentou Deise Recoaro, diretora da Contraf-CUT.
A Contraf-CUT reivindicou a correção imediata dos salários de três cargos: sub-gerente, gerente de relacionamentos e os assistentes. Com esta correção, os demais cargos deverão ser acertados naturalmente ou problema persistirá.
O banco se comprometeu a analisar as informações recebidas pela Contraf-CUT e marcar nova reunião para a próxima semana. As negociações sobre a correção salarial deverão prosseguir durante todo o mês de junho.
“A negociação desta sexta foi objetiva e clara e a disposição apresentada pelo banco foi muito positiva. A diretora Mônica foi franca e se mostrou aberta ao diálogo. Apostamos, agora, na relação madura entre o ABN e o movimento sindical para resolvermos nossas pendências. O melhor caminho é o processo de negociações, com soluções concretas”, finalizou Deise.
Além da Mônica Cardoso, o ABN também foi representado na reunião por Edson Costa, coordenador de RH benefícios do banco.
Fonte: Contraf-CUT