Contraf-CUT denuncia que bancos, além de não contratarem negros, demitem

Há retrocesso na contratação de negros e negras nos bancos

A Contraf-CUT, federações e sindicatos cobraram na terça-feira (31) mais contratações de negros e negras pelos bancos, durante a mesa temática de igualdade de oportunidade com a Fenaban, em São Paulo. O número de trabalhadores e trabalhadoras da raça negra está inclusive abaixo do patamar de 19% indicado pelo Mapa da Diversidade, em 2009, que já era pequeno.

A Fenaban apresentou novo levantamento e, na comparação entre junho de 2011 e junho deste ano, a população negra no setor passou de 17,59% para 18,71%. “O levantamento atual mostra um retrocesso na contratação de negros e negras pelos bancos em relação ao Mapa da Diversidade”, afirmou Andrea Vasconcelos, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT.

Os dirigentes sindicais apontaram para a Fenaban o descaso dos bancos em relação à contratação desses bancários. Foi denunciado que a demissão de mulheres negras aumentou 14% desde o ano passado em um dos bancos do sistema financeiro.

“Como se não bastasse o baixo empenho dos bancos na contratação de negros e negras, há instituições financeiras que ainda demitem os poucos trabalhadores que tem”, criticou Andrea. Os dados foram obtidos pelo movimento sindical através dos sites oficiais dos próprios bancos, através dos relatórios de sustentabilidade.

Segundo Andrea, ao confrontar os levantamentos, ficou evidente o contraste, o que levou a formalizar a denúncia. “Por esse motivo, solicitamos que sejam tomadas providências sobre o tema, uma vez que a quantidade de mulheres negras demitidas nos bancos desde o ano passado foi muito alta”, frisou Andrea.

Avanços na isonomia para casais homoafetivos

O acesso à cláusula 47ª da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), que trata da isonomia de tratamento para casais homoafetivos, teve aumento de 190% nos últimos três anos. Conquistada em 2009, o número de solicitações passou de 284 para 826 em junho deste ano, conforme dados trazidos pela Fenaban.

“A Contraf-CUT já foi premiada pela Parada LGBT de São Paulo por conquistar essa cláusula. Mas a maior satisfação é ver que a categoria está usufruindo dela”, avaliou Deise Recoaro, secretária das Mulheres da Contraf-CUT.

Ampliação da licença paternidade

A ampliação da licença paternidade para 180 dias (biológico e adotivo) também foi debatida. Os dirigentes sindicais destacaram que é fundamental tratar do assunto para fortalecer na prática as relações compartilhadas e para isso os pais precisam da mesma oportunidade para partilhar esse momento único com os filhos.

O 1º Fórum da Febraban de Diversidade, realizado no ano passado, já abordou o tema das relações compartilhadas. Na ocasião, uma das representantes da Organização Internacional do Trabalho (OIT) destacou a necessidade de conciliar o trabalho produtivo com o trabalho reprodutivo, entendendo este último como o cuidado com a casa e os filhos.

“Nossas reivindicações estão de acordo com a linha de defesa feita pela representante da OIT no Fórum. Estamos na vanguarda dessa discussão e defendemos a proposta pela ampliação da licença paternidade para 180 dias. A responsabilidade de manter a casa e criar os filhos deve ser dividida igualmente entre homens e mulheres”, destacou Deise.

A Fenaban disse que irá fazer uma avaliação do assunto, uma vez que a questão está presente na minuta de reivindicações da categoria e que pode ser tratada junto ao processo de negociação da Campanha Nacional dos Bancários 2012.

Programa de Valorização da Febraban

Os sindicalistas ainda enfatizaram a possibilidade de fazer parte da convenção coletiva o plano de ação referente ao programa de valorização da Febraban. “A entidade diz que essa é uma questão que está dando certo, então por que não convencioná-la?”, argumentou Andrea. Para ela, a estratégia dos trabalhadores é torná-lo um instrumento legal fazendo com que o direito seja estendido a todos.

Segundo Deise, a postura da Febraban mostra a insistência em se esconder atrás da denominação usada de “sistema financeiro”. A entidade se nega veementemente em apresentar os dados banco a banco, e nem sequer mostra se o banco é público ou privado. “Isto demonstra má vontade em resolver os problemas. O fato é que os piores resultados se escondem naqueles bancos que minimamente seguem o plano de valorização da diversidade”, criticou Deise.

Monitoramento da licença maternidade de 180 dias

A próxima reunião da mesa temática irá tratar do monitoramento dos dados referente ao retorno das bancárias que aderiram aos 180 dias da licença maternidade. “O nosso objetivo é verificar se estão garantidas as mesmas condições para as profissionais que estão retornando aos bancos”, apontou Deise.

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