A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) denuncia os ataques que estão sendo feitos contra Maria Amélia Teles, conhecida como Amelinha, militante feminista que foi presa e torturada durante os duros anos da ditadura militar no Brasil.
Os ataques acontecem num momento de fragilidade, no qual o país enfrenta uma onda de ódio e retrocesso. “Nós repudiamos e estamos juntos com a Amelinha contra essa enorme onda de ódio que está se propagando no país. A ameaça por si só já é um ato de violência. É inadmissível depois de tudo o que ela passou, sofrer novamente com ameaças”, solidarizou-se Elaine Cutis, secretária da Mulher da Contraf-CUT.
Guerreira incansável na luta feminista
Amélia Teles sofreu muito com a violência durante a ditadura. Ela foi presa junto com seu marido, irmã grávida e os filhos pequenos – Janaína e Edson Teles, com 5 e 4 anos na época -, pela Operação Bandeirantes em São Paulo.
“Tudo o que Amélia passou na época da ditadura não fez com que ela esmorecesse. Pelo contrário, ela se tornou mais forte para lutar cada vez mais em prol dos direitos, da liberdade e do combate a violência contra as mulheres”, afirmou Elaine.
Fundadora da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos e integrante da Comissão Estadual da Verdade de SP, Amelinha se dedica há mais de 30 anos à luta pela apuração das atrocidades da ditadura e pela responsabilização dos agentes do Estado pelos crimes cometidos.
Ela já conseguiu que a Justiça condenasse em segunda instância, como torturador, o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra.
Amelinha também cumpriu um importante papel junto na localização e traslado dos restos mortais de Manoel Lisboa de Moura e Emmanuel Bezerra, fundadores do Partido Comunista Revolucionário, e brutalmente assassinados pela Ditadura em setembro de 1973.
“Não podemos permitir que o ódio domine o nosso país. Precisamos resistir e continuar lutando contra a violência, principalmente, contra as mulheres. Amélia Teles é um exemplo para o movimento feminista e repudiamos esses ataques que estão acontecendo contra ela”, finalizou Elaine.