As condições mais difíceis ocorrem onde não há sistema público de previdência, como Chile e Colômbia. Nesses países, a captação é feita por bancos privados e não há participação patronal na contribuição. O Chile, por exemplo, que teve seu sistema privatizado há décadas pelo ditador Augusto Pinochet, chegou a um quadro tão extremo que, em 2008, a então presidente Michelle Bachelet, diante de fortes protestos que chegaram a reunir mais de 1 milhão de pessoas em Santiago, teve que criar um programa de socorro social. “No Chile e na Colômbia, cerca de 60% dos idosos não têm o benefício previdenciário; essa é uma situação catastrófica, pois essa população não tem a quem recorrer”, observou o funcionário aposentado do Banco do Brasil (BB) e ex-diretor da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), José Ricardo Sasseron, convidado especial para o evento pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). “Em El Salvador é ainda mais grave, pois apenas 20% dos idosos conseguiram contribuir; nesse caso, a situação é de hecatombe”, resumiu Sasseron.
Para Sasseron, que apresentou a situação brasileira no debate, em países onde há sistema público, mesmo longe do ideal, o quadro é melhor. Esse é o caso de Brasil, Uruguai e Argentina. Neste último, o sistema, que era privado, foi revertido durante o governo da presidenta Cristina Kirchner, com a estatização dos fundos. “Nesses três países, em que o sistema é público, de repartição solidária simples, cerca de 90% dos idosos acima de 65 anos recebem algum benefício da previdência social, um índice semelhante ao da União Europeia”, comparou.
O evento, com objetivo de propor o fortalecimento da previdência pública na América Latina, ocorreu em Bogotá, na Colômbia no início da semana, onde 85 representantes da confederação sindical internacional se reuniram para participar da observação das eleições do país, ocorrida no domingo (13). Entre outros brasileiros, também participaram a presidenta da UNI Finanças, Rita Berlofa, e o secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT, Roberto von der Osten.
Pelos Bancos Públicos
A delegação da UNI Global Union na Colômbia, que incluiu um grupo de 28 sindicalistas da Contraf-CUT, coordenados pelo secretário da Contraf-CUT, Roberto von der Osten, também promoveu um ato com os coordenadores da Aliança Latino-Americana em Defesa dos Bancos Públicos, que se reuniu para debater o quadro de privatizações do setor nos diversos países.
Após o evento, o grupo foi ao Museo del Oro, que pertence ao Banco de la República, para uma manifestação em defesa deste que é o único banco público da Colômbia.