Contraf-CUT cobra mais segurança, mas debate com Fenaban não avança

Bancários defendem porta de segurança e combate à “saidinha de banco”

A Contraf-CUT, federações e sindicatos cobraram nesta quinta-feira (28) a instalação de portas de segurança com detectores de metais em todas as agências e postos de atendimento, bem como medidas de combate ao crime da “saidinha de banco”, durante a Mesa Temática de Segurança Bancária com a Fenaban, em São Paulo.

Entretanto, os debates não avançaram, frustrando a grande expectativa dos bancários. O representante da Fenaban alegou que esses temas não têm a ver com relações de trabalho, ignorando os riscos a que estão expostos bancários e vigilantes nas agências e postos. Além disso, os bancos não querem mais discutir esses assuntos, o que mostra descaso com a segurança dos trabalhadores.

Trabalho seguro

“Não aceitamos travar o debate de segurança. Hoje faltam equipamentos nos bancos que aumentem a prevenção contra ataques e tragam privacidade nas operações de saque nos caixas. Não é à toa que há mortes, feridos e traumatizados em assaltos envolvendo bancos”, afirma o secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr. “Queremos trabalho seguro”.

“Apesar da frustração, vamos continuar apostando na mesa temática, procurando abrir caminhos para construir avanços para a próxima convenção coletiva dos bancários”, destaca. “Nos últimos dois anos, os debates e a mobilização da categoria garantiram a inclusão de novas cláusulas. Este ano não pode ter retrocesso”, adianta o dirigente sindical.

“Vamos também aumentar a mobilização em todo país, organizando uma campanha nacional por mais segurança nos bancos, em parceria com a Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV)”, anuncia. “Vamos ainda buscar avanços no projeto de lei de estatuto de segurança privada, que se encontra em construção no Ministério da Justiça. Além disso, vamos seguir atuando nas demais frentes, pois a segurança está na agenda da sociedade brasileira”, enfatiza Ademir.

Nova reunião ficou pré-agendada para o final de julho, quando a Fenaban deverá apresentar a estatística de assaltos a bancos do primeiro semestre deste ano. A Contraf-CUT pautou também o problema dos sequestros de bancários em todo país.

Portas de segurança

A instalação das portas giratórias, a partir do final dos anos 90 diante da mobilização dos bancários em todo país e da aprovação de leis municipais de várias cidades, reduziu drasticamente os assaltos a bancos, conforme a estatística da Febraban. O número caiu de 1.903 em 2000 para 369 em 2010.

Mas houve um aumento para 422 em 2011, um crescimento de 14,36%. “No ano passado, alguns bancos, como o Itaú, retiraram essas portas em cidades sem lei municipal, enquanto outros, como o Bradesco, inauguraram agências e postos de atendimento sem esse equipamento de segurança, aumentando o risco para bancários, vigilantes e clientes”, denuncia Ademir.

Para a Fenaban, a porta de segurança pode ser ou não um item do plano de segurança de cada estabelecimento bancário. Os dirigentes sindicais defenderam a obrigatoriedade, mostrarando que esse equipamento traz segurança e protege a vida das pessoas, a exemplo do aparelho de raio-X nos aeroportos e órgãos públicos.

“Propomos ainda para a Fenaban a realização de uma campanha educativa, em conjunto com a Contraf-CUT, voltada aos clientes e usuários, mostrando as vantagens da porta de segurança, na medida em que várias agências e postos possuem esse equipamento, como forma de explicar melhor o seu funcionamento e acabar com eventuais constrangimentos”, salienta o diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Daniel Reis. Mas o representante da Fenaban recusou a análise da proposta.

Combate à “saidinha de banco”

As propostas da Contraf-CUT para enfrentar esse crime também foram recusadas pela Fenaban. Os bancários defenderam a instalação de biombos entre a fila e a bateria de caixas, a colocação de divisórias opacas e individualizadas entre os caixas, a instalação de sistemas de monitoramento em tempo real em agências e postos de atendimento, e a isenção das tarifas de transferências (TED, DOC) para diminuir a circulação de dinheiro.

“A colocação de biombos derrubou o número de ocorrências em agências do Banpará”, apontou o diretor do Sindicato dos Bancários do Pará, Sandro de Mattos. Vários municípios, que fizeram leis obrigando os bancos a instalar esse tapume, conseguiram resultados positivos, evitando assaltos e reduzindo o número de ocorrências.

Conforme pesquisa nacional da Contraf-CUT e da CNTV, com base em notícias da imprensa, 49 pessoas foram mortas em assaltos envolvendo bancos em todo país no ano passado. Desse total, 32 foram assassinadas em “saidinhas de banco”.

“Sem negociação, os bancários vão continuar pressionando os bancos para que respeitem leis municipais de segurança”, destaca o diretor do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, João Rufino. Em Recife, três agências foram interditadas pela Prefeitura, após pressão do Ministério Público, em razão do não cumprimento da legislação da cidade.

“Os trabalhadores e clientes exigem ambientes seguros e protegidos”, reforça Ademir. “A vida das pessoas precisa ser colocada em primeiro lugar”, conclui.

Participação

Participaram dirigentes da Fetec SP, Fetec PR, Fetec Centro-Norte, Fetrafi RS, Fetraf MG, Fetrafi NE e Feeb SP-MS e dos Sindicatos dos Bancários de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, Pernambuco, Londrina, Campinas e Sorocaba, todos integrantes do Coletivo Nacional de Segurança Bancária.

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