Contraf-CUT cobra mais contratações e mudança na gestão do Santander

Bancários discutiram condições de trabalho nas agências do banco

Em reunião específica ocorrida nesta quarta-feira (27) com o Santander, em São Paulo, sobre condições de trabalho nas agências, a Contraf-CUT, federações e sindicatos cobraram mais contratações de funcionários, fim das metas abusivas, combate ao assédio moral, igualdade de tratamento e mudança na gestão do banco. O encontro havia sido agendado em fevereiro no Comitê de Relações Trabalhistas (CRT).

Mais contratações

A Contraf-CUT denunciou falta de funcionários nas agências, lembrando que o banco fez demissões em massa em dezembro, o que resultou no corte de 975 postos de trabalho. “Até hoje essas vagas não foram ocupadas e novas dispensas estão pipocando no banco, aumentando a sobrecarga de trabalho e piorando o atendimento aos clientes”, denunciou o funcionário do Santander e secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr.

Esse descaso do banco só agrava as condições de trabalho, gerando estresse, síndrome do pânico, assédio moral e adoecimento de funcionários. Um gerente chegou a fechar a agência no horário de almoço por falta de funcionários. “A situação está insuportável”, avaliou a coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander, Maria Rosani.

Os dirigentes sindicais defenderam mais contratações para garantir condições dignas de trabalho e preservar a saúde dos trabalhadores.

Fim das metas para caixas

Os representantes dos bancários voltaram a cobrar o fim das metas para os caixas. “Não é função de caixa vender produtos e bater metas, mas sim prestar atendimento de qualidade aos clientes”, defendeu Ademir.

O banco prometeu novamente elaborar um comunicado interno para a rede de agências, orientando que os caixas não podem ser avaliados pela venda de produtos. O documento será apresentado até o dia 19 de abril para as entidades sindicais.

Fim das reuniões diárias de cobrança de metas

As reuniões diárias continuam dando dor de cabeça nas agências. Os encontros que, segundo o banco, deveriam ter o objetivo de planejar e organizar a rotina de trabalho, foram deturpados e hoje viraram oportunidade para a prática de assédio moral e a pressão para a venda de produtos.

“A reunião deveria ser de natureza motivacional, mas o que se vê é que ela acaba desmotivando os funcionários”, apontou a diretora do Sindicato dos Bancários de Brasília, Rosane Alaby.

“Exigimos uma solução. Somos contra metas abusivas e vamos bater nesta mesma tecla quantas vezes forem necessárias até que o banco reoriente os gestores”, enfatiza Maria Rosani. Ela salienta também que essa cobrança reflete em resultados negativos para o banco, uma vez que os bancários se sentem pressionados, adoecem e ficam sujeitos a problemas psicológicos.

O banco se limitou a dizer que não abre mão de metas desafiadoras, que os exageros de gestores têm sido apurados e que a forma de cobrança deve ser aprimorada.

Mudança na gestão

“Esse modelo de falta de funcionários, metas abusivas, cobranças diárias de resultados, assédio moral desmotivação e adoecimento, somado aos boatos de venda do banco, está gerando caos nas agências e prejudica a imagem junto aos clientes”, alertou o diretor da Contraf-CUT.

Ademir defendeu mudança na gestão do banco. “Queremos que o Santander respeite o Brasil e os brasileiros. Esse é o caminho para crescer”, ressalta.

Banco do juntos ou banco de alguns?

O Santander frustrou a expectativa dos dirigentes sindicais ao negar a extensão de um dia de folga no aniversário para todos os funcionários. No Rio de Janeiro, uma superintendência regional divulgou amplamente o benefício, que pode ser inclusive usufruído na sexta ou segunda-feira quando o dia natalício cai em fim de semana ou feriado.

O banco reconheceu que o “day off” já existe em agências e áreas administrativas, como no Rio e parte do Nordeste, mas disse que cada gestor tem autonomia para concedê-lo ou não e definir a forma de gozo.

Os representantes dos trabalhadores protestaram. “Com essa tremenda injustiça e discriminação, o Santander está rasgando a propaganda do banco do juntos, pois o que se observa é o banco de alguns”, disparou Ademir. “Queremos respeito e igualdade de tratamento para todos, pois cada funcionário contribui para os resultados do banco”, defendeu.

Prospecção de contas universitárias

Os dirigentes sindicais cobraram a proibição de abertura e prospecção de conta universitária fora da jornada e do local de trabalho.

O banco disse que orientará para que na próxima campanha, a ser realizada em agosto, sejam cumpridas regras como não obrigatoriedade, intervalo intrajornada, limite de duas horas diárias e pagamento das horas extras. O trabalho será feito somente por funcionários, vedado para estagiários e aprendizes.

Desvio de funções

Os dirigentes sindicais reiteraram que diante da carência de pessoal virou habitualidade o desvio e a substituição cotidiana de funções nas agências, envolvendo caixas, coordenadores e gerentes de atendimento e de negócios, como forma de reduzir custos e aumentar os lucros do banco.

“Esse comportamento é resultado da falta de condições de trabalho que os funcionários estão enfrentando. Falta bancário. É necessário que o quadro funcional seja maior, portanto, o banco deve contratar ao invés de tentar medidas paliativas”, ressalta Maria Rosani.

Fim das metas para estagiários e jovens aprendizes

Outro grave problema denunciado mais uma vez foi a cobrança de metas para estagiários e jovens aprendizes. “Eles estão vendendo produtos em agências, o que não é permitido por lei. A direção do banco deve reorientar os gestores, que só podem desconhecer a legislação para agir de tal forma”, aponta Maria Rosani.

Mais segurança

A diretora da Fetrafi-Nordeste, Teresa Souza, denunciou ainda que a fachada da agência Rio Formoso, no interior de Pernambuco, está com os vidros quebrados, após ter sido atingida por um tiro durante assalto na cidade. “Falta segurança para trabalhar”, apontou. Ela cobrou providências urgentes do banco.

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