Desde 1921, quando ocorreu a Conferência Internacional das Mulheres Comunistas, celebra-se o 8 de março como o dia das lutas e conquistas das mulheres em todo o mundo. A data é uma homenagem à iniciativa de operárias russas que neste dia fizeram uma greve geral contra a fome, a guerra e o czarismo, lutas que integraram o processo que culminou na Revolução Russa de 1917.
No Brasil, a trajetória das mulheres nos bancos é uma história de lutas para conquistar o seu espaço. Até a década de 1970, o sistema financeiro era um território exclusivamente masculino. O ex-Banespa aceitou pela primeira vez o acesso de mulheres ao cargo de auxiliar de escritório apenas em 1968 e o Banco do Brasil em 1971.
Nesse período, o movimento sindical conquistou importantes vitórias, muitas delas relacionadas à maternidade, sendo a mais recente a ampliação da licença para 180 dias. “Outra importante conquista foi a inclusão da cláusula da Igualdade de Oportunidades na Convenção Coletiva de Trabalho, no início dos anos 2000. Houve uma repercussão nacional inclusive em outras categorias de trabalhadores”, lembra Deise Recoaro, secretária de Mulheres da Contraf-CUT.
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Mas as desigualdades ainda são muitas. Para se ter uma ideia, as mulheres entram no banco ganhando em média 22,9% menos do que os homens, de acordo com a pesquisa da subseção do Dieese na Contraf-CUT. Enquanto as mulheres são admitidas com uma remuneração média de R$ 2.318,33, os homens chegam ao banco com R$ 3.006,91.
“Temos conquistas, mas muito ainda falta para conquistar. A capacidade de organização e disposição para a luta é nosso grande patrimônio”, afirma Deise. “Neste sentido a criação da Secretaria de Mulheres da Contraf-CUT, em seu último congresso, tem como objetivo e principal tarefa rearticular o movimento de mulheres bancárias em todo o Brasil”, aponta a dirigente sindical.
Organizar coletivos de mulheres
O 3º Congresso da Contraf-CUT , realizado em 2012, aprovou a criação da Secretaria de Mulheres. O objetivo é elaborar, coordenar e desenvolver políticas para a promoção da igualdade de oportunidades na vida, no trabalho e no movimento sindical.
“Para que esta organização se traduza em conquistas é preciso criar coletivos de mulheres desde os sindicatos, passando pelas federações estaduais ou regionais até a confederação”, enfatiza Deise.
A função dos coletivos é diagnosticar os problemas que afetam as mulheres nos diversos bancos, “refletir sobre a condição das bancárias sob a luz do conhecimento acumulado em universidade e pelo movimento sindical, a fim de formular propostas e intervir tanto no local de trabalho como em questões mais amplas da sociedade”, destaca a secretária-geral da Contraf-CUT, Ivone Silva.
E as mulheres em todo o país já estão trabalhando nesta construção. Os sindicatos dos bancários de Alagoas, Pernambuco, Piauí e Espirito Santo já fizeram encontros estaduais de mulheres.
Já as companheiras de sindicatos dos bancários do Paraná realizarão um encontro estadual no próximo dia 16, organizado pela Fetec-CUT/PR. A Fetraf Minas Gerais tem agendado um debate para a criação do coletivo de mulheres no dia 20.
O Sindicato dos Bancários do Ceará realiza encontro de mulheres no dia 23 e o da Paraíba promove oficina de sensibilização para questões de gênero no dia 25. A Fetec Centro Norte e a Fetec-CUT/SP também estão articulando encontros.
“A organização dos coletivos de mulheres é estratégica para fortalecer as lutas das bancárias e da categoria”, salienta Deise. Também é importante para participar neste ano do planejamento do 2º Censo da Diversidade, a ser executado em 2014.
“O novo censo possibilitará comparar os dados com o 1º Censo, avaliar a eficácia ou não das ações afirmativas prometidas pelos bancos e definir novas políticas no rumo da igualdade de oportunidades”, ressalta a secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT, Andrea Freitas de Vasconcelos.