A organização do 23º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil foi o principal tema da reunião desta quinta-feira (24) da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB (CEBB), órgão da Contraf-CUT que assessora as negociação com o banco. Durante o encontro, que ocorreu na sede da Contraf-CUT, em São Paulo, os representantes das federações trouxeram as principais demandas dos bancários para a próxima rodada de negociação permanente com a empresa e que também serão temas do congresso.
O 23º Congresso acontecerá nos dias 15, 16 e 17 de junho, no Hotel Slaviero, em Guarulhos (SP), conforme definido pelo Comando Nacional dos Bancários. A CEBB definiu mais alguns critérios de organização, sempre buscando aumentar a democracia e a participação dos bancários no congresso.
Ficou definido que, após as assembleias e congressos regionais, as federações enviarão os resumos das propostas majoritárias e minoritárias para a Contraf-CUT, que organizará uma compilação de modo a facilitar o trabalho dos grupos temáticos no Congresso.
“A Contraf-CUT, por meio da CEBB, vai trabalhar bastante no próximo mês para que o congresso seja o mais produtivo possível”, afirma William Mendes, coordenador da CEBB e secretário de Formação da Contraf-CUT. “Queremos garantir um processo de construção democrática, dando aos bancários da base toda a oportunidade de participar. Sendo assim, é fundamental que as bancárias e os bancários de todas as bases sindicais participem dos fóruns e escolham suas delegações e proposições e que já discutam formas de organização para a campanha 2012.”
Também foi definida a programação do congresso. A abertura será na noite do dia 15, sexta-feira. O sábado começará com uma análise de conjuntura, por palestrante do Dieese. Na sequência, será feita a apresentação das teses de cada corrente política.
Na tarde de sábado, os bancários se dividirão nos quatro grupos temáticos (remuneração e condições de trabalho, saúde e previdência, organização do movimento e Banco do Brasil e o Sistema Financeiro Nacional) que discutirão as propostas e polêmicas oriundas dos encontros regionais e assembleias. No domingo, os delegados se reunirão em plenário para a votação das deliberações finais do congresso.
Os representantes das federações na CEBB trouxeram ainda relatos colhidos em suas bases sobre as principais reclamações dos bancários do Banco do Brasil hoje. Veja os principais pontos:
Jornada de seis horas para todos
Os bancários estão mobilizados desde o ano passado cobrando do banco a jornada de 6h para as comissões, sem redução de salário. Em 2011, o banco havia anunciado – inclusive em seus canais internos – que apresentaria uma proposta nesse sentido, mas não trouxe nenhuma novidade até agora. “Começamos este ano em mobilização com boa participação dos bancários de todo país. Queremos que o banco apresente proposta de plano de carreira que contemple essa reivindicação e vamos cobrar mais uma vez na mesa de negociação”, diz William.
Implantação das PSO
O Banco do Brasil iniciou neste semestre a implantação das Plataformas de Suporte Operacional (PSO) em todo o país. As entidades sindicais já receberam diversas reclamações de bancários que se sentem prejudicados com o novo modelo.
A principal reclamação diz respeito aos “caixas-volantes”, que deixam de ter sua dotação ligada à uma agências específica e passam a responder para a PSO. Com isso, são enviados para qualquer agência de acordo com a decisão da chefia, tirando a estabilidade dos bancários para trabalhar.
Além disso, muitos dos caixas do banco hoje não são efetivos na função, mas substitutos, piorando a situação. Assim, caso tenha que se ausentar, mesmo que para fazer um curso do próprio banco, o bancário tem interrompida a sequência de substituição pelo semestre, prejudicando o trabalhador.
“Há bancários que são caixas substitutos há anos e agora se veem nessa situação. Queremos que todos os caixas tenham Valor de Referencia (VR) e com isso tenham a carreira de mérito pontuada diariamente”, cobra William.
“O movimento sempre se posicionou contrariamente à retirada dos caixas da dotação das agências – o tal projeto PSO. Acreditamos que eles devem pertencer à equipe de cada local de trabalho e não concordamos com a ideia do ‘caixa-volante’ inventada pelo banco, que aparta os trabalhadores e os deixa sem estabilidade ou referência”, afirma.
Descomissionamentos
Os funcionários também têm reclamado que os gestores do banco têm desrespeitado os critérios de trava para descomissionar. Há casos de pessoas que são bem avaliadas e perderam sua função sem explicação. “O movimento sindical cobra uma discussão séria com o banco sobre a cláusula contra o descomissionamento, conquistada no Acordo Aditivo do funcionalismo do BB. Não é possível ter critérios tão subjetivos que o banco possa fazer o que quiser com os trabalhadores”, afirma William.
Metas do Sinergia incentivam assédio moral
As metas abusivas determinadas pelo programa Sinergia BB são um grande tema de reclamação de todas as bases sindicais. Com a proximidade do fim do semestre, começam a surgir problemas em atingir as metas definidas, questão apontada pelo movimento sindical desde o início. Os bancários não aguentam mais a pressão constante e o assédio moral pelo cumprimento de metas que não levam em consideração a realidade de cada local de trabalho.
“O assédio moral tem aumentado muito, com ameaças constantes de descomissionamento. Alguns gestores estão até exigindo do bancário venda casada, desvirtuando as exigências do governo federal de redução dos juros e ampliação do credito com qualidade para os consumidores. É um desrespeito com os bancários e a população”, afirma William.
Nomeações sem critério
O banco tem desconsiderado qualquer critério objetivo na definição das nomeações para funções, inclusive o TAO. Segundo as denúncias, apenas protegidos dos gestores são nomeados, desrespeitando a carreira dos bancários. Além disso, os trabalhadores sofrem perseguições das mais variadas. O movimento sindical cobra que as nomeações sejam definidas por concurso interno, respeitando a pontuação de cada bancário e incluindo critérios mais objetivos no TAO.
Incorporados
Os bancários oriundos de BEP, Besc e Nossa Caixa continuam aguardando que o BB atenda sua reivindicação e estenda o direito a Cassi e Previ para todos. Em 2011, o banco se comprometeu a criar uma mesa temática na qual apresentaria todos os dados necessários para a instalação de um processo de negociação, No entanto, a mesa temática teve apenas uma reunião e não foi feita nenhuma negociação sobre o tema.
Em relação à Cassi, um problema se estende a todos os funcionários: a parcela da diretoria e conselho indicada pelo banco não resolveu sobre a regulamentação da ANS 254, prejudicando os trabalhadores e pondo em risco o plano no que diz respeito à entrada de novos bancários.
Terceirização
Representantes de várias federações reforçaram a reivindicação de contratação de mais bancários concursados e pelo fim da terceirização no BB, como ocorre nas CABB. Outro exemplo ainda mais grave é a terceirização fraudulenta do Mais BB, correspondente bancário do banco.
Os trabalhadores trouxeram ainda denúncias graves com relação ao começo dos trabalhos do Banco Postal. Algumas entidades já apuraram que o BB não está abrindo poupança em agências, encaminhando os clientes para os correspondentes (Banco Postal e Mais BB). “É uma discriminação contra os clientes de baixa renda que não pode ser tolerada em lugar nenhum, mas especialmente em um banco público que tem a missão de aumentar o acesso da população brasileira ao crédito”, defende William.
Negociação
A Contraf-CUT entrará em contato com o banco para marcar uma nova rodada do processo de negociação permanente para cobrar soluções para estes problemas dos trabalhadores, muitos deles pendências antigas.
“Queremos que o banco conduza negociações sérias. Identificamos e levamos as demandas dos bancários para a empresa e apostamos sempre no diálogo para a construção das melhores saídas. Esperamos que o banco tenha a mesma postura e traga soluções concretas”, defende William.