Contraf articula apoio do Ministério do Trabalho na luta do ABN e Santander

(São Paulo) A Contraf-CUT protocolou nesta quarta-feira, dia 26, um carta no Ministério do Trabalho com pedido de audiência com o ministro Carlos Lupi. O objetivo é discutir como o governo pode colaborar na luta dos bancários pela manutenção dos empregos no ABN e no Santander, que devem fechar negócio nos próximos dias para a fusão dos dois bancos.

“Ontem, tivemos uma reunião com o Secretário de Relações do Trabalho, Luiz Antonio Medeiros, e com o assessor especial do ministro do trabalho, Ezequiel Nascimento. Conseguimos arrancar dos dois o compromisso de que o Ministério do Trabalho vai estar empenhado na defesa do emprego dos trabalhadores brasileiros. Neste sentido, enviamos a carta ao ministro e pedimos uma audiência para que ele interceda em nosso favor”, explica Marcelo Gonçalves, coordenador da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do ABN, órgão da Contraf-CUT.

“Queremos o apoio do Ministério, com a mediação do governo entre bancários e o banco Santander e ABN, para estabelecer regras e controles que impeçam às demissões em empresas lucrativas. Precisamos do apoio do governo brasileiro neste momento em que todos estão empenhados num grande esforço para o crescimento econômico com distribuição de renda e geração de emprego. Neste sentido, todo investimento precisa priorizar a geração de emprego. E não ao contrário, como estamos vendo no ABN e Santander”, diz Mário Raia, coordenador da COE do Santander.

Veja abaixo a íntegra da carta protocolada no Ministério da Fazenda.

Ao Excelentíssimo Senhor Ministro do Trabalho
Carlos Lupi
Sr. Ministro,

Há meses iniciou-se na Europa um processo envolvendo grandes bancos da região, visando tomar o controle do Banco ABN AMRO sediado na Holanda.

A primeira proposta partiu do banco inglês Barclays PLC , traduzida pela oferta de suas ações em troca das ações do ABN totalizando um desembolso de ?65 bilhões.

Imediatamente após, o mercado financeiro internacional foi surpreendido com o anúncio da formação de um consórcio de bancos, formado pelo escocês RBS, o espanhol Santander e o belga-alemão Fortis, com o objetivo exclusivo de disputar com o Barclays a compra do ABN.

A proposta do consórcio alcança a extraordinária cifra de ?71 bilhões e, materializada a transação, será a maior da história do sistema financeiro mundial. Desgraçadamente, o consórcio anunciou que se a sua proposta for considerada vencedora, demitirá 19.000 funcionários no mundo, o que é motivo de grande preocupação do movimento sindical bancário brasileiro.

Nas últimas semanas, em razão da diferenciada estrutura das propostas, tudo leva a crer que o consórcio de bancos será o vencedor da disputa, e que o Banco Santander assuma os negócios do Banco ABN Real aqui no Brasil.

A nossa preocupação é fundamentada no motivo de que no Brasil não existem mecanismos de proteção do emprego, utilizados pela maioria dos países europeus para enfrentar esses processos de fusões e incorporações, aonde se garante no mínimo dois anos de empregabilidade e proteção social para que os trabalhadores possam buscar sua recolocação no mercado de trabalho.

Podemos citar como exemplo do parágrafo anterior o próprio Banco Santander quando da compra do Banco Central Hispano na Espanha os trabalhadores deste banco tiveram 3 anos de estabilidade no emprego.

Sendo assim, é legítimo deduzir que parte considerável das 19.000 demissões anunciadas ocorrerão no Brasil, trazendo todos os conhecidos malefícios para os trabalhadores dos Bancos ABN Real, Santander e suas famílias.

Quando uma empresa compra ou se funde com outra, o efeito mais imediato sentido pela sociedade é a redução de vagas de trabalho. Nessa e em outras situações os trabalhadores perdem seus empregos, apesar de não haver qualquer razão para isso.

Preocupados com a situação do emprego, os trabalhadores brasileiros do Banco Santander e do Banco ABN pedem a Vossa Excelência interceda pela manutenção dos empregos nestes bancos.

Sendo o que tínhamos para o momento, aproveitamos o momento para apresentar-lhes nossas

Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro – CONTRAF-CUT

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