A 18ª Conferência Interestadual dos Bancários do Rio de Janeiro e Espírito Santo, realizada no sábado (2) no município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, definiu os representantes e as propostas que serão enviadas à Conferência Nacional, que acontece em São Paulo no fim do mês.
O evento teve a participação de 522 trabalhadores e trabalhadoras, sendo 389 homens e 133 mulheres vindos das bases dos sindicatos de Angra dos Reis, Campos, Espírito Santo, Itaperuna, Macaé, Niterói, Nova Friburgo, Petrópolis, Rio de Janeiro, Sul Fluminense, Teresópolis e Três Rios.
O esforço pela sistematização prévia das propostas das várias forças políticas foi um fator que contribuiu para a agilidade do processo. O material foi enviado com antecedência à Fetraf-RJ/ES e pôde ser rearranjado de modo a criar uma lista de propostas que foram votadas durante a Conferência Interestadual. As propostas aprovadas serão encaminhadas à Conferência Nacional.
Entre as propostas aprovadas, aumento real de 10% além da inflação, fim das metas e do assédio moral, mais saúde, emprego e segurança. “Temos que cobrar dos bancos mais responsabilidade social e que sejam discutidos outros temas importantes para a categoria, como o fim das demissões e melhores condições de trabalho”, destacou pondera Nilton Damião Esperança, presidente da Federação.
Os delegados participantes do evento também aprovaram uma moção de repúdio ao desalojamento do SINTUFF, sindicato dos servidores da universidade (veja ao final).
A expectativa é de que o momento político e as dificuldades na economia levem a uma campanha salarial dura. “Sabemos das dificuldades que teremos nessa campanha, principalmente nos bancos públicos. Vivemos um momento muito ruim em nosso país, com um governo golpista que conseguiu afastar uma presidenta eleita com mais de 54 milhões de votos. Este governo não tem nosso reconhecimento”, ponderou Nilton Damião Esperança. Mas não somente os fatores externos aos bancos deverão impor desafios aos bancários. “Além das questões políticas, teremos os banqueiros com discurso de inflação em baixa e a elevação de PDD para dificultar nossas negociações”, completou.
Com tantas dificuldades, a hora é de intensificar a mobilização. “Temos que trabalhar unidos para enfrentar as dificuldades da campanha. É um período difícil e somente nossa pressão vai poder arrancar um reajuste decente, uma PLR justa e avanços nos benefícios indiretos e nas cláusulas sociais. Não podemos desanimar”, convocou o presidente da Fetraf-RJ/ES.
Conjuntura
O economista Fernando Benfica, da subseção do Dieese no Seeb-Rio, fez uma apresentação sobre a conjuntura em que deverá acontecer a Campanha Salarial deste ano. Fernando destacou que vivemos um período de crise, com redução significativa da atividade industrial e uma leve tendência à queda da inflação para o segundo semestre. O INPC projetado para agosto, que serve como referência para o reajuste das categorias com data-base em 1º de setembro, deve ficar em torno de 8,78%, depois de ter atingido o patamar de 11,31% em janeiro.
Mas o desempenho dos bancos em 2016 não deve ser tão bom quanto o do ano passado e isto certamente se refletirá na mesa de negociação. Os balanços do primeiro trimestre já indicam uma queda no lucro e na rentabilidade dos principais bancos. Parte desta queda se deve, em alguns casos, à estabilização do câmbio, já que algumas empresas tiveram resultados elevados em 2015 devido à composição de carteiras com negócios vinculados ao dólar. Outro evento que deve ter forte impacto no desempenho dos bancos é a recuperação judicial das empresas Sete Brasil e Oi, que tomaram crédito junto instituições privadas e públicas. A quebra das duas companhias fará os bancos credores aumentarem as Provisões para Devedores Duvidosos, o que provavelmente reduzirá a PLR dos empregados. Seguem em alta as receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias.
O desemprego também está em alta, tendo atingido o patamar de 11,22% em maio. Nos bancos o processo é ainda mais acentuado, com muitas demissões e eliminação de postos de trabalho. Somente até maio deste ano seis mil vagas foram extintas nos bancos brasileiros. A Caixa, que vinha em tendência de contratações nos anos anteriores, fechou 2015 com saldo negativo de 3.219 postos, depois da abertura de um Plano de Apoio à Aposentadoria, e já encerrou 3.305 vagas somente no primeiro trimestre de 2016. Ao todo, os bancos extinguiram seis mil postos de trabalho nos primeiros cinco meses do ano.