Os bancários do Estado de São Paulo irão defender aumento real de 5% nos salários, como proposta de reivindicação para campanha nacional 2011, além da reposição da inflação – projetada em 7,5% para o período de 12 meses a ser encerrado em agosto de 2011, já que a data-base da categoria é 1º de setembro.
Os trabalhadores também defendem Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de três salários mais R$ 4.500; equiparação do piso da categoria ao salário mínimo do Dieese (R$ 2.297,51); reajuste dos vales alimentação e refeição no valor do salário mínimo nacional (R$ 545), além do auxílio-educação para graduação e pós-graduação.
A proposta de reivindicação foi aprovada no sábado, dia 23 de julho, durante a 13ª Conferência Estadual dos Bancários, que reuniu cerca de 400 pessoas, entre dirigentes sindicais, delegados e autoridades.
Todas as demandas serão levadas à apreciação da 13ª Conferência Nacional, a ser realizada em São Paulo, entre os dias 29 e 31 de julho, quando será definida a pauta final de reivindicação da categoria a ser entregue nas primeiras semanas de agosto à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban).
Além das questões econômicas e não menos importantes, as condições de trabalho também têm destaque nas reivindicações da categoria com o combate ao assédio moral e às metas abusivas, pressão que leva os bancários ao adoecimento em níveis epidêmicos.
“A palavra que mais traduz o emprego bancário é ‘pressão’. E a vontade de mudar essa situação nos une no objetivo de melhorar as condições de trabalho. É insuportável conviver com as metas abusivas impostas tanto por bancos públicos e privados aos bancários”, disse Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
Ela destaca ainda que os bancários não abrirão mão do aumento real de salários, valorização dos pisos e PLR maior. “Vamos lutar para melhorar as condições salarias. O que é bem possível em um setor como o financeiro cujos ganhos, superaram o PIB brasileiro. Enquanto o país cresceu 4,2% no primeiro trimestre desse ano em relação ao mesmo período do ano passado, os bancos cresceram 6,4%”, destacou.
Também fazem parte da proposta de reivindicação a defesa do emprego, a implementação de um Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS), manutenção do plano de saúde aos bancários que se aposentarem e a defesa do papel dos bancos públicos, bem como construir uma regulamentação do Sistema Financeiro Nacional voltada aos interesses da sociedade. O fim das terceirizações e o combate à ampliação desenfreada dos correspondentes bancários estão entre as propostas para evitar a precarização do emprego bancário.
Veja as principais reivindicações aprovadas
Reajuste Salarial – 5% de aumento real, além da inflação projetada de 7,5%
PLR – três salários mais R$ 4.500
Piso – Salário mínimo do Dieese (R$ 2.297,51)
Vales Alimentação e Refeição – Salário Mínimo Nacional (R$ 545)
PCCS – Para todos os bancários
Auxílio-educação – pagamento para graduação e pós.
Emprego – Ampliação das contratações, combate às terceirizações e aumento indiscriminado do correspondente bancário, além da aprovação da convenção 158 da OIT
Cumprimento da jornada de 6 horas
Fim das metas abusivas
Fim do assédio moral e da violência organizacional
Mais segurança nas agências e departamentos
Unidade e organização
Unidade e organização foram destacadas como fórmula sucesso para que os bancários transformem em direitos as reivindicações que começam a ser definidas nos sindicatos e federações de bancários em todo o país.
O presidente da FETEC-CUT/SP, Luiz César de Freitas, o Alemão, lembrou que a campanha nacional do ano passado só foi vitoriosa justamente por causa da união da categoria. “Nós somos a única categoria que construiu uma Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) que garante direitos para os bancários em qualquer lugar do país. A nossa CCT é um instrumento único e almejado pelas outras categorias. Isso foi fruto de nossa unidade, construída com muita luta ao longo dos anos”.
Alemão agradeceu a presença de todos, que é fundamental para a realização de um debate realmente democrático e transparente. “As nossas reivindicações são pautadas na vontade da maioria dos trabalhadores. Isso faz com que nós tenhamos certeza que estamos cumprindo o papel. Para conquistar mais direitos a categoria quer que continuemos com o modelo de campanha nacional unificada e mesas concomitantes para questões específicas”.
Antes de dar seu recado para mobilizar os bancários, a presidenta do Sindicato destacou o orgulho que tem de participar de uma categoria com grau de organização tão elevado, que tem uma Convenção Coletiva de Trabalho com validade nacional e ainda capaz de manter uma articulação que envolve 108 sindicatos nas mais diversas regiões do país.
“A gente vai à campanha com a mesma garra e mesma disposição”, disse ao destacar que foi assim no ano passado, quando os bancários, após a maior greve dos últimos 20 anos, conquistaram aumento real de salários, valorização dos pisos e PLR (Participação nos Lucros e Resultados) maior.
“A receita nós temos: organização e disposição”, disse ao salientar que com crise ou sem crise, o Brasil bem ou não, os bancos sempre ganham. Os bancários, não, já que as conquistas só vêm com muita mobilização. “E disposição de luta nós temos para melhorar as condições de trabalho e salarias”, frisou Juvandia.
Para Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT, graças à unidade nacional foi possível obter avanços, não só econômicos. “Vamos entrar nessa campanha por emprego decente, que significa mais segurança e condições de trabalho”, disse ao lamentar a morte de 20 pessoas assassinadas em agências bancárias só no primeiro semestre. Ele destaca que os bancários não saem dessa campanha sem valorização salarial.
Cordeiro lembra que o Brasil é o sétimo país mais rico do mundo, mas ainda é o décimo pior em distribuição de renda. Ele citou ainda a importância da audiência pública no dia 16 agosto, na Comissão de Tributação e Finanças da Câmara Federal, na qual o Banco Central vai prestar esclarecimento sobre as ações que tem feito para ampliar desenfreadamente as funções dos correspondentes bancários. A audiência terá como ponto central o Projeto de Decreto Legislativo (PDL), do deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP), que suspende as resoluções do BC neste sentido.
Presente à 13ª Conferência Estadual, Berzoini chamou o Banco Central à responsabilidade constitucional de supervisionar o sistema financeiro de forma a garantir a circulação do crédito de qualidade e não de autorizar a terceirização do emprego bancário por meio dos correspondentes. O deputado chamou a categoria bancária a fazer sua parte. “Temos um governo de coalisão. E isto significa disputa. E nós trabalhadores temos de fazer essa disputa, caso contrario, os bancos é que vão fazer. É necessário dar um sinal de que essa política esta errada. E fazer o Banco Central abrir diálogo”, destacou.
Em sua apresentação na 13ª Conferência Estadual, o deputado estadual Luiz Cláudio Marcolino (PT) listou dados do Estado de São Paulo. Ele demonstrou cortes nos investimentos do governo estadual em infraestrutura.
“No estado de SP, governo após governo destrói tudo o que foi feito anteriormente ampliando ainda mais o desmonte. Primeiro perdemos o Banespa, agora perdemos a Nossa Caixa, o que acabou totalmente com a estrutura da habitação e sanemanto. Hoje não tem mais nada no lugar”, afirma Marcolino ao relatar um intenso trabalho da mudar tal situação.
“Estamos discutindo na Assembleia Legislativa a tomada de ações a partir das regiões administrativas. Além disso, incluímos na LDO (Leis de Diretrizes Orçamentárias) discussões sobre audiências públicas para debater o orçamento 2012, para que os recursos possam de fato ser direcionados para o desenvolvimento do Estado”, concluiu.