Um desfile da Vaca Valio$a, personagem tradicional das manifestações do Sindicato dos Bancários de Campos, abriu com muito bom humor a 12ª Conferência Interestadual dos Bancários do Rio de Janeiro e Espírito Santo, realizada no último dia 17. Bancários dos dois estados participaram do evento que, pela primeira vez, aconteceu na cidade de Campos.
A mesa de abertura foi composta por Claudio Mello, vereador de Teresópolis (PT) e dirigente sindical bancário; Felipe Estefan, presidente da OAB-Campos; Jessé Gomes de Alvarenga, coordenador geral do Seeb-ES; Iraciny da Veiga, diretora da Federação; Claudio Damião, sindicalista bancário, vereador de Nova Friburgo (PT); Antônio Biscaia, deputado federal (suplente-PT), Fabiano Júnior, presidente da Federação; Rafanele Pereira, presidente do sindicato anfitrião; José Nilton de Oliveira, bancário, presidente da CUT-ES; Odisséia Carvalho, professora, sindicalista e vereadora de Campos (PT); Darby Igayara, bancário e presidente da CUT-RJ; Nilton Damião Esperança, vice-presidente da Federação; e Carlos Alberto (Caco) Oliveira, secretário-geral do Seeb-Rio.
Antes das falas dos integrantes da mesa, a primeira proposta, aprovada por unanimidade, foi a observância de um minuto de silêncio em homenagem à diretora da Federação e do Seeb Campos Paulo Virgínia, falecida em fevereiro último.
Após a votação do regimento interno, o economista Adhemar Mineiro, do Dieese-RJ, fez uma apresentação sobre a conjuntura em que se desenvolverá a campanha salarial 2010. Foi apresentado um balanço das negociações salariais do ano passado e uma projeção da inflação acumulada até setembro. A tendência é de leve queda, com projeção do ICV de agosto em 5,48% e INPC em 5,16%.
Adhemar avaliou também a situação dos bancos. O economista comparou a evolução da remuneração dos bancários com a do total dos trabalhadores: enquanto a massa salarial teve uma evolução significativa, a remuneração média do bancário se manteve no mesmo patamar desde 2004. Esta situação se deve não só ao lento crescimento da remuneração dos trabalhadores do sistema financeiro, mas também pela alta rotatividade, através da diferença entre os salários dos desligados e admitidos.
Na contramão desta tendência está a receita com prestação de serviços – as tarifas bancárias – que vem crescendo em ritmo acelerado. Hoje, os grandes bancos ganham com tarifas mais de duas vezes o montante gasto com suas folhas de pagamento.
Em seguida, dirigentes sindicais que trabalham com o tema da saúde fizeram uma apresentação. Para os sindicalistas, algumas das informações são conhecidas, mas os bancários de base não têm conhecimento sobre o caos do INSS, destacado por Edilson Cerqueira, secretário de saúde do Seeb-Niterói e recém-eleito para ocupar a pasta na nova gestão da Federação. Ele falou não só das altas programadas, que determinam o retorno do bancário ao trabalho independente de avaliação, mas também a postura dos peritos, que, além de não concederem benefícios a bancários que comprovam sua condição através de inúmeros exames e laudos, ainda destratam e humilham os trabalhadores doentes.
Gilberto Leal, secretário de Saúde do Seeb-Rio, destacou que o alto índice de adoecimento entre os bancários é causado pela falta de prevenção, pelo assédio moral e pela intensificação do ritmo de trabalho, já que os bancos “tratam o trabalhador como máquina”.
Após a apresentação das teses, foi definido que a Conferência Regional não definiria o índice de reajuste a ser reivindicado, deixando a discussão para o evento nacional.
A maior polêmica da Conferência foi a decisão sobre as eleições presidenciais. A maioria decidiu apoiar a candidata Dilma Rousseff, do PT. Mas não foi proposto apoio a outra candidatura e a contraproposta foi retirar o tema de votação. A maioria decidiu apoiar Dilma e houve cinco abstenções – não houve contagem de votos contra ou a favor, já que a diferença numérica era visível.
A base da Federação será representada por 82 delegados e oito observadores, mais os três delegados natos membros do Comando Nacional dos Bancários.