A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), filiada à CUT, divulgou em nota que o grupo autointitulado Comando Nacional dos Transportes, que se declara representante dos trabalhadores e articula a paralisação e bloqueio de rodovias nesta segunda-feira (9), “não representa os caminhoneiros brasileiros e tem por objetivo atrapalhar os avanços conquistados no diálogo permanente com o governo federal em favor dos trabalhadores”.
Segundo a nota, tal grupo alega defender interesses do País, mas, na verdade, “defende os políticos ligados ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que foi o responsável por retirar a aposentadoria especial dos motoristas e nunca abriu canais de diálogo com os caminhoneiros”. A CNTTL lembra que o “comando” já chegou a defender intervenção militar no país.
Na página do “comando” no Facebook, usada para divulgar o movimento, podem ser vistas postagens “pelo impeachment”. “Já chegamos em 11 estados. Amanhã será maior. E só vai aumentar mais e mais”, ameaça o movimento. Em um comentário, um suposto ativista comenta: “Força, irmãos! Se o Chile conseguiu nós também conseguimos. Vamos mostrar que o Brasil é uma nação de guerreiros”. Em outubro de 1972, uma greve de caminhoneiros reconhecidamente financiada pela CIA (a agência de inteligência dos Estados Unidos), foi desencadeada durante o governo de Salvador Allende e ajudou a ampliar as dificuldades econômicas do governo socialista, que foi finalmente derrubado por um violento golpe militar em setembro do ano seguinte. A greve de caminhoneiros chilena foi comandada por Leon Vilarín, líder do grupo paramilitar Patria y Libertad.
As bandeiras que servem de pretextos para a deflagração da greve desencadeada hoje são a redução do preço do combustível, frete mínimo, crédito subsidiado para renovação da frota e remuneração nacional unificada.
Ministro
O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Edinho Silva, se pronunciou afirmou hoje que os caminhoneiros em greve não apresentaram pauta de reivindicações e que a paralisação tem como objetivo o desgaste político do governo.
“No nosso entender, essa é uma greve que atinge pontualmente algumas regiões do país e, infelizmente, um movimento que tem se caracterizado com uma aspiração única de desgaste político do governo. Se tivermos uma pauta de reivindicação, como tivemos em outros momentos, o governo sempre estará aberto ao diálogo”, afirmou Edinho Silva, em entrevista coletiva no Palácio do Planalto. “Você não pode apresentar uma pauta onde o centro seja o desgaste do governo. Penso que é uma paralisação que não busca melhorias para a categoria.”
Na nota encaminhada à imprensa, e assinada pelo presidente da entidade, Paulo João Estausia, o Paulinho, a CNTTL-CUT informa que tem participado de reuniões regulares com representantes do Ministério dos Transportes, discutindo temas como atuação da Polícia Federal Rodoviária (PRF) na fiscalização das estradas, vale-pedágio, recadastramento dos caminhoneiros no Registro Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas (RNTRC), e implementação de acordo com a Lei do Motorista, entre outros.
O dirigente esclarece ainda que os trabalhadores de transportes conseguiram uma série de conquistas a partir do diálogo estabelecido com o governo. Entre as principais, carência de um ano para pagamento das parcelas de financiamento dos programas Pró-caminhoneiro e Finame do BNDES, aprovada na Câmara e aguardando votação no Senado, sanção integral da Lei dos Caminhoneiros (Lei 13.103/15), isenção de pagamento de pedágio para o eixo suspenso de caminhões vazios e aumento do valor da estadia de R$ 1 para R$ 1,38 por tonelada/hora.