Fundada por bancários, ONG foi inspirada pelo sociólogo Herbert de Souza
No dia 22 de novembro, ao mesmo tempo em que se inaugurava uma brinquedoteca em escola pública na zona sul de São Paulo, eram entregues 32 cisternas para famílias carentes residentes na região do agreste baiano. As duas iniciativas são fruto do trabalho solidário promovido pelo Comitê Betinho – Ação da Cidadania a partir de parcerias e doações espontâneas de diversas pessoas.
A brinquedoteca – umas das mais de 50 já instaladas pelo Comitê – tornou-se realidade a partir do apoio do Sindicato dos Bancários de São Paulo. As cisternas foram articuladas pela Fenae (Federação Nacional dos Empregados da Caixa Federal) e Apcefs (Associação de Pessoal da Caixa Federal) da região Nordeste.
“Nós pouco fazemos. Os verdadeiros realizadores são nossos parceiros e a ajuda mensal de doadores. Nosso papel é tentar organizar esse movimento para propiciar às pessoas qualidade de vida melhor e ter esperança no futuro”, afirma José Roberto Barbosa, presidente voluntário do Comitê Betinho que completou duas décadas de atuação em novembro deste ano.
José Roberto e José Osmar Boldo, também voluntário, são idealizadores da ONG, inspirada no movimento Ação da Cidadania Contra a Miséria e Pela Vida lançado pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, no início dos anos 1990.
Natal Sem Fome
A primeira iniciativa do Comitê ocorreu em 1993. A partir da doação de tíquetes-refeição dos funcionários do antigo Banespa foram comprados alimentos que formaram diversas cestas básicas distribuídas em solenidade no Esporte Clube Banespa a entidades assistenciais indicadas pelos próprios banespianos. A partir daí o trabalho solidário só foi ampliado.
“A princípio arrecadávamos alimentos para serem distribuídos entre os mais necessitados. Mas depois decidimos adotar a filosofia de ensinar a pescar, em vez de apenas dar o peixe. Dessa forma, as cestas passaram a ser destinadas a associações que mantinham cursos profissionalizantes ou de alfabetização. Tudo com o objetivo de dar esperança de um futuro melhor às famílias”, destaca Boldo. “Para incentivar a leitura entre as crianças, junto com as cestas passamos a entregar obras infantis doadas pela escritora Patrícia Secco.”
Uma das entidades assistidas desde 1996 é a Obra Assistencial São Benedito. Localizada no extremo da zona norte, em meio a uma região de pobreza, a associação mantém cursos voltados a jovens com até 20 anos de idade, preparados para trabalhar com computação, como auxiliares administrativos ou repositores de supermercado. Além de doar computadores e aparelhos de ar-condicionado para as salas de aula, todos os anos o Comitê inclui a Obra no Natal Sem Fome.
“Distribuímos as cestas básicas a cerca de 30 famílias cadastradas. Sem a ajuda de entidades como o Comitê Betinho não teríamos condições de atender essa população tão carente”, afirma a integrante associação São Benedito Maria Angélica Prixo.
Rompendo fronteiras
Sensível ao sofrimento de diversas famílias do sertão nordestino devido à seca prolongada, a entidade passou a buscar também formas de amenizar a situação de milhares de brasileiros.
Assim, também a partir de parcerias veio a construção de cisternas. Juntamente com a entidade Caatinga e a partir da arrecadação de recursos por meio de doações foi construída a primeira cisterna no sertão de Pernambuco, em 1998. Até novembro de 2013 já foram entregues 400 reservatórios de água potável que beneficiam mais de 2 mil pessoas.
Devido a essa atuação o Comitê tem recebido diversos prêmios nacionais. Para saber mais e também colaborar com esse trabalho acesse www.comitebetinho.org.br