A Câmara dos Deputados estuda a criação de uma comissão especial para analisar 96 projetos de lei que propõem medidas para resguardar a segurança de trabalhadores e clientes de bancos. Entre as propostas estão o PL 1.731, de 2011, e o PL 4.912, de 2012. Ainda não há data prevista para a instalação da comissão.
O PL 4.912 obriga as agências a instalarem uma divisória entre as filas e os caixas, a fim de preservar a privacidade dos clientes durante as transações financeiras. A expectativa do autor do projeto, deputado federal Vanderlei Siraque (PT-SP), é positiva. “Não há motivos para não passar. É um projeto que visa a proteger a privacidade de bancários e clientes”, avalia. Pelo PL, os bancos teriam 180 dias para instalarem as divisórias e, caso não cumprirem a medida, estariam sujeitos a multa diária de R$ 1.500. A ideia, de acordo com o deputado, é estender a medida também para caixas eletrônicos.
Siraque acredita que a divisória pode oferecer mais tranquilidade para os bancários. “Eles são o intermediário entre os interesses dos banqueiros e a pressão dos clientes que esperam na fila”, afirmou. Já para quem utiliza o banco, as divisórias podem ajudar a preservar sua privacidade. “É constrangedor quando a pessoa vai, por exemplo, fazer um saque, não tem dinheiro disponível e todos ouvem.”
Combater a “saidinha de banco”
Um dos principais objetivos do projeto é aumentar a segurança dos clientes para evitar os crimes de “saidinhas de banco”. Conforme o deputado, “muitos olheiros ficam dentro das agências e acabam avisando criminosos do lado de foram sobre as pessoas que estão saindo com muito dinheiro”. Ele diz que “as principais vítimas são os aposentados, que muitas vezes sacam todo seu dinheiro de uma só vez.”
Entre os bancários, a medida é vista com bons olhos. Para o secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr, limitar o campo visual de bandidos infiltrados nas agências reduz os riscos. Para ele, a “saidinha de banco” é um problema também para o bancário, que trabalha em um ambiente de risco. “A presença de um olheiro na agência cria insegurança para toda a categoria”, afirma. “Infelizmente os bancos relutam muito em adquirir equipamentos de segurança, porque avaliam que é custo”.
De acordo com Ademir, João Pessoa e Belo Horizonte já aprovaram leis municipais que exigem a instalação de biombos e “conseguiram reduzir o número de ocorrências”.
Em Santo André, no ABC paulista, uma agência do Banco do Brasil instalou as divisórias mesmo sem a legislação, a fim de aumentar a segurança dos clientes. “Um departamento do banco fez um levantamento sobre segurança e apontou esta como uma medida eficiente de prevenção de assaltos. Com a divisória, nem o caixa ao lado percebe o que está acontecendo no vizinho”, afirma o gerente de tesouraria, Ricardo Parerta. “Recebemos elogios dos clientes”.
Mortes em assaltos envolvendo bancos
Em 2012, 57 pessoas foram assassinadas em assaltos envolvendo bancos, uma média de quase cinco vítimas fatais por mês, de acordo com pesquisa nacional da Contraf-CUT e CNTV. O total representa um aumento de 16,3% em relação a 2011, quando foram registradas 49 mortes, e de 147,8% em comparação com 2010, que teve 23 mortes. A principal ocorrência (53%) foi o crime de “saidinha de banco”, que provocou 30 mortes.
São Paulo (15), Bahia (8), Rio de Janeiro (7), Ceará (4), Paraná (4), Alagoas (3) e Rio Grande do Sul (3) foram os estados com o maior número de casos, segundo a pesquisa. A maioria das vítimas (58%) foram clientes (33), seguido de vigilantes (9) e policiais (6). Dois bancários também foram mortos.