Bancários frisaram que ocorrências caíram, mas ainda são preocupantes
Em reunião realizada nesta terça-feira (18) com a Fenaban, em São Paulo, o Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, apontou avanços e limitações no projeto-piloto de segurança bancária, implantado nas cidades de Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes. Foi a primeira reunião de acompanhamento nacional e contou com a participação do Coletivo Nacional de Segurança Bancária.
Conquistado nas negociações da Campanha Nacional 2012, o protocolo foi assinado em 14 de maio do ano passado, na capital pernambucana, estabelecendo um prazo de 90 dias para instalar os equipamentos previstos, o que ocorreu. O período de vigência do projeto-piloto é de um ano, ou seja, até 14 de agosto deste ano.
Avanços
Os bancos implantaram equipamentos em 209 agências como portas giratórias com detectores de metais, câmeras internas e externas, biombos em frente aos caixas, guarda-volumes e cofres com retardo. Os primeiros resultados revelam queda nos assaltos a bancos em Pernambuco e redução nas ocorrências de “saidinha de banco” nas três cidades, na comparação entre 2012 e 2013, conforme estatísticas da Secretaria de Defesa Social (SDS).
Novos dados enviados pela SDS mostram que nos meses de janeiro e fevereiro deste ano houve em Recife uma diminuição de 30 para 22 casos de “saidinha de banco” em relação ao ano passado, uma queda de 27%. O número caiu também em Olinda no mesmo período de 9 para 6 ocorrências, o que representa uma redução de 33%, mas subiu em Jaboatão de 1 para 4 registros, um aumento de 300%.
“A implantação do projeto-piloto em Recife, fruto da lei municipal e da negociação entre o Comando e a Fenaban, obrigou a instalar mecanismos de segurança que antes eram questionados pelos bancos, reduzindo já as ocorrências, mas os números ainda são preocupantes e, por isso, precisam ser melhor estudados, a fim de identificar os problemas, buscando prevenir assaltos e proteger a vida das pessoas”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando.
Limitações
Há também várias limitações. Nem todos os estabelecimentos bancários foram abrangidos. “Já ocorreram assaltos a agências de shopping e postos de atendimento, que não foram incluídos pela Fenaban e se encontram desprotegidos das medidas do projeto-piloto”, aponta João Rufino, diretor do Sindicato dos Bancários de Pernambuco.
“As novas agências de negócios do Itaú e os postos de atendimento avançado do Bradesco, que não possuem equipamentos de segurança, também não integram o projeto-piloto, são vulneráveis e colocam em risco a vida de bancários e clientes”, alerta Cordeiro.
“Já passamos da metade do tempo de vigência do projeto-piloto e a experiência vem sendo positiva, apesar das limitações existentes. No entanto, uma avaliação somente poderá ser feita ao final do período”, salienta Ademir Wiederkehr, secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária. “A expectativa dos bancários é inserir as medidas testadas e aprovadas na próxima convenção coletiva e melhorar a segurança de trabalhadores e clientes”, enfatiza.
Próximos passos
A Fenaban defendeu a realização de novo projeto-piloto para testar os mesmos procedimentos em outras cidades no país. Para o presidente da Contraf-CUT, “isso só faz sentido discutir se forem incluídas medidas diferentes, como a instalação da porta giratória antes do autoatendimento, o monitoramento das imagens das câmeras em tempo real, a colocação de divisórias entre os caixas inclusive os eletrônicos, a isenção das tarifas de transferência (TED e DOC), o fim da guarda das chaves pelos bancários e a fixação de vidros blindados nas fachadas”.
Os bancários também reiteram a necessidade de participação das entidades representativas dos vigilantes no acompanhamento do projeto-piloto.
Fenaban aponta 449 assaltos a bancos em 2013
A Fenaban informou na reunião a ocorrência de 449 assaltos a agências e postos de atendimento, consumados ou não, no ano de 2013 em todo país. O acesso às estatísticas semestrais dos bancos está garantido no item “d” da cláusula 32ª da convenção coletiva.
“Esse número representa um aumento de 2,05% em relação a 2012 e mantém a tendência de crescimento de assaltos iniciada em 2011, diante da falta de maiores investimentos dos bancos na prevenção de ações criminosas e na proteção da vida das pessoas”, avalia Cordeiro.
Confira os números de assaltos já informados pela Fenaban:
. 2000 – 1.903
. 2001 – 1.302
. 2002 – 1.009
. 2003 – 885
. 2004 – 743
. 2005 – 585
. 2006 – 674
. 2007 – 529
. 2008 – 509
. 2009 – 430
. 2010 – 369
. 2011 – 422
. 2012 – 440
. 2013 – 449
“Mais uma vez, os bancos não apresentaram os números de arrombamentos de agências e postos de atendimento, que também provocam medo e sensação de insegurança para bancários, vigilantes e clientes”, ressalta Ademir.