(São Paulo) O Comando Nacional dos Bancários encerrou as negociações com os representantes dos bancos nesta sexta-feira porque não houve nenhum avanço significativo na décima rodada de negociação. A única alteração foi passar índice de reajuste de 4,82% para 5,2%, sem nenhuma alteração na PLR ou em qualquer outra cláusula.
“Os bancos aumentaram sua lucratividade do ano passado para cá e não querem repassar nada para os funcionários. Deixamos claro que a atual proposta é inaceitável. Eles estão provocando. Se essa é a única linguagem que entendem, vamos nos organizar e fazer greve por tempo indeterminado a partir do dia 3 de outubro”, diz Vagner Freitas, presidente da Contraf-CUT. “Eles conhecem nossas propostas desde agosto, mas estão radicalizando e não querem negociar com seriedade. Querem pagar, proporcionalmente, menos que o ano passado e não aceitam mexer em nada”, conclui Vagner.
Assembléias no dia 2
Todos os sindicatos ligados ao Comando Nacional devem fazer assembléias no dia 2 de outubro. “O importante agora é organizar uma greve forte por tempo indeterminado para mudar essa postura de intransigência dos bancos, todos os locais de trabalho têm de se organizar junto com seus sindicatos”, afirma Carlos Cordeiro, secretário geral da Contraf-CUT.
Dia de Luta
Milhares de bancários cruzaram os braços nesta sexta-feira, dia 28, e mostraram para os bancos que estão prontos para a greve por tempo indeterminado, marcada para a próxima quarta-feira. No país inteiro, houve paralisações de 24 horas e atraso na abertura de grande parte das agências.
Os bancários de São Paulo e Osasco e Regiãorealizaram paralisação de 24 horas. Até o meio da tarde foram contabilizadas 103 agências fechadas, além de nove centros administrativos de bancos, abrangendo ao todo 13.500 bancários. Boa parte das agências, 76, está localizada na região central da capital paulista, as demais estão espalhadas pelas zonas Leste, Norte, Oeste e Sul, além da região da Paulista e da cidade de Osasco. No ABC, ao som do jingle da Campanha Nacional, cerca de quatro mil bancários participaram de assembléias de rua nas principais concentrações financeiras da região. Eles atrasaram a abertura de 200 agências durante uma hora. Em Santos, cerca de 70% das agências da cidade foram paralisadas nesta sexta-feira. Houve passeata pelo centro financeiro alertando à população para a greve por tempo indeterminado. Os bancários de Taubaté e Região realizaram paralisações e protestos nas agências da base. A Caixa Econômica Federal e o BB permaneceram em greve de 24 horas, os demais bancos retardaram a abertura das agências em uma hora. Em São José dos Campos, houve paralisações de uma hora nos bancos privados e de 24h no públicos. Nas cidades de Votuporanga e Rio Claro, a paralisação foi de uma hora. O Sindicato dos Bancários de Assis também fez atividades em agências da cidade e da região.
No Rio de Janeiro, o Dia Nacional de Luta também foi forte. Na capital do Estado, a paralisação de 24 horas atingiu os bancos desde a Praça Mauá até a Cinelândia. A mobilização foi mais intensa na Caixa Econômica Federal. Em Angra dos Reis, o dia de paralisação atingiu todos os bancos, inclusive em Parati e região. Na base do Sindicato da Baixada Fluminense, houve paralisação nas agências da Caixa. Em Campos, os funcionários do HSBC, Santander, ABN e Unibanco retardaram por duas horas a abertura das agências, protestando pelo não atendimento das reivindicações dos bancários. O Sindicato dos Bancários de Niterói e Região realizou uma manifestação no Bradesco. Os sindicalistas usaram carro de som, distribuíram carta aberta à população e milhos cozidos, como uma forma de protestar contra os milhões que os banqueiros ganham enquanto os bancários ficam com o milho na mão. Em Petrópolis foram distribuídos mil cachorros-quentes e mil copos de suco de maracujá à população, com o seguinte lema: “A gente vale mais, chega de cachorrada”. Esta foi uma forma bem humorada de o sindicato demonstrar a falta de respeito dos bancos aos funcionários, clientes e usuários. Ainda houve manifestações e paralisações em Itaperuna, Macaé, Nova Friburgo, Teresópolis, Três Rios e no Sul Fluminense
Em Brasília, a paralisação foi forte, principalmente nas agências e nos prédios administrativos do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. Foram cerca de 70 agências com as portas fechadas. Nos bancos privados, houve paralisações parciais pela manhã – com retardamento da abertura ao público.
No Paraná, mais de 100 agências bancárias paralisaram suas atividades, com adesão maciça da categoria. Em Curitiba, aproximadamente 40 agências bancárias e seis centros administrativos pararam. Em Londrina, a categoria fechou 17 agências na região central da cidade. Em Cambe e Ibiporã, também houve paralisação nas agências da Caixa. Em Apucarana e Cornélio Procópio, os trabalhadores paralisaram dez agências bancárias em cada município. Em Umuarama e Guarapuava, a paralisação aconteceu até o meio-dia. Foram fechadas nove agências em Umuarama e outras sete em Guarapuava. Em Paranavaí, os trabalhadores bancários também aderiram à paralisação com greve de 24h em sete bancos do município. Em Loanda, a greve atingiu as agências do BB e da Caixa. Em Nova Esperança, os bancários paralisaram as atividades da única agência da Caixa no município.
Em Belo Horizonte e Região, nada menos que 38 agências e departamentos pararam suas atividades. Às 10h, os bancários se reuniram em frente à agência Século da Caixa, na Praça Sete, e realizaram uma passeata pelas ruas do centro. A exemplo das últimas campanhas salariais, o Bradesco e o Unibanco apelaram para força policial contra os bancários, obrigando a reabertura das agências paralisadas. As agências de Juiz de Fora paralisaram suas atividades em até 24 horas. O auge da movimentação foi às 11h, quando a diretoria do Sindicato dos Bancários distribuiu cachorro-quente gratuitamente na porta da agência 080 do Bradesco. As quatro agências da Caixa de Uberaba também pararam. A adesão foi de 90% dos trabalhadores. O Sindicato de Teófilo Otoni realizou coleta de assinaturas na porta dos bancos por um melhor atendimento. Foram quase mil assinaturas em cerca de quatro horas.
O Dia de Luta agitou também os bancários do Rio Grande do Sul. Na capital Porto Alegre, 33 agências da Caixa pararam o dia todo e nove pararam parcialmente, enquanto os bancários do BB e dos bancos privados optaram pela paralisação parcial, com as agências começando a funcionar às 12h. Em Alegrete, os bancários pararam por 24 horas seis agências. Os bancários de Erechim pararam cinco durante todo o dia. Em Cachoeira do Sul, uma agência ficou fechada o dia todo. O mesmo ocorreu em Caxias do Sul e Lajeado. No litoral norte, quatro agências da Caixa ficaram fechadas o dia todo. Em Passo Fundo, foram três agencias da Caixa paradas por 24h, além de outras sete agencias de outros bancos que só abriram às 12h. Houve também paralisações e manifestações em Novo Hamburgo, Pelotas, Camaquã, Rio Grande, Santa Maria, Santo Ângelo, São Leopoldo, Vacaria, Vale do Paranhana e Vale do Caí.
Os bancários pararam seis agências na área central de Florianópolis, região que tem a maior concentração de pessoas e de comércio da cidade. Além disso, todas as agências da Caixa tiveram paralisações, além de seis outras agências do Besc pela cidade. Na região de Criciúma, ocorreu paralisação em 100% das agências da Caixa, sendo que 99% das agências da cidade foram paralisadas. Também pararam agências em Içara, Morro da Fumaça e Siderópolis. Em Blumenau, 90% das agências do Centro paralisaram totalmente e 50% as dos bairros. No Centro, apenas a agência Bradesco da rua John Kennedy e o Banco do Brasil abriram parcialmente.
Em Pernambuco, as agências da Rua do Imperador, Centro do Recife, só funcionaram a partir das 13 horas. O Sindicato ainda reuniu os empregados do Bradesco para um ato em frente à agência do Imperador, que tem cerca de 50 empregados.
Segundo o Sindicato da Paraíba, os bancários fecharam 80% das agências da grande João Pessoa nesta sexta-feira. Em Campina Grande e região, quase 100% da categoria se mobilizou para as paralisações.
A paralisação atingiu também 50%das agências bancárias de Teresina, segundo avaliação da direção do Sindicato dos Bancários do Piauí, sendo que algumas retardaram o atendimento ao público até o meio-dia.
Em Rondônia, a paralisação conseguiu a adesão de mais de 80% dos trabalhadores. Das 22 agências da capital Porto Velho, apenas quatro funcionaram com 30% do quadro de funcionários. A paralisação atingiu com sucesso 18 agências. No interior, aderiram às atividades os municípios de Buritis, Cacoal, Pimenta Bueno, Espigão do Oeste, Ariquemes, Vilhena, Rolim de Moura, Ji-Paraná, Presidente Médici, Cacaulândia, Ministro Andreazza e Monte Negro. No Acre, as paralisações atingiram algumas agências da capital Rio Branco, correspondendo a quase um terço dos bancários.
Em Mato Grosso do Sul, os bancários paralisaram a agência centro do Bradesco de Campo Grande por 24 horas. Houve paralisações de uma e duas horas em agências do Bradesco, Unibanco, HSBC, Itaú, ABN/Real, Nossa Caixa, Santander, Mercantil do Brasil e Safra. Em Rondonópolis-MT, os bancários retardaram a abertura das agências em duas horas.
No Ceará, duas agências foram fechadas e seis sofreram retardamento na abertura. No Espírito Santo, os bancários capixabas retardaram em uma hora a abertura das agências localizadas na avenida Champagnat, no Centro de Vila Velha.
Em Feira de Santana-BA, foram paralisadas seis agências durante quatro horas. Ocorreu paralisação também na unidade do banco do Nordeste Agência de Irecê, retardando a abertura da agência por uma hora.