Anunciado após uma pesquisa realizada pelo IPEA em 2013 – segundo a qual 50,5% da população brasileira apontou a falta de médicos como principal problema do Sistema Único de Saúde (SUS) – o Programa Mais Médicos completa um ano nesta terça-feira (8). A CUT compreende e apoia o programa desde sua divulgação.
Durante audiência pública sobre o tema, convocada pelo Supremo Tribunal Federal em novembro, o presidente da CUT, Vagner Freitas, afirmou que não é possível admitir que faltem médicos para atender trabalhadores em cidades afastadas e periferias, como acontece atualmente. “Porém, não basta contratar médicos. É preciso investir, e muito, na saúde”, pontuou na ocasião.
Para Maria Godói de Faria, secretária-geral adjunta da CUT nacional, o programa otimiza o sistema de saúde como um todo. “O Mais Médicos traz clínicos gerais, capazes de perceber a condição geral de saúde do trabalhador. Em casa, o paciente pode receber tratamento básico, remédios, vacinas, faz coleta de material para exames, avaliação nutricional, tem apoio para saneamento, recebe informações de saúde.”
“Com isso, o foco da medicina, que era no tratamento, passa para a prevenção. Só em caso de real necessidade o paciente vai para a Unidade Básica de Saúde, desafogando os hospitais, reduzindo gastos do SUS com atendimentos que seriam resolvidos de forma simples e otimizando a atuação dos profissionais”, explica.
Para a secretária da CUT, é importante perceber também que o Mais Médicos valoriza a atuação de profissionais como os Agentes Comunitários de Saúde, que integram a equipe que visita as residências, e o Programa Saúde da Família (PSF).
Saúde Preventiva
Junéia Martins Batista, secretária nacional de Saúde do Trabalhador da CUT e Conselheira Nacional de Saúde, ressalta a importância do programa para o trabalhador. “O programa não se resume a médicos nos espaços mais distantes do país. Tem importância bem maior, aprofunda a abrangência da Saúde Pública de qualidade e investe da saúde preventiva. O primeiro ano tem um saldo positivo para a população. Como conselheira, percebo que o projeto é um sucesso para quem precisa”, afirma.
A dirigente da CUT destaca que, segundo dados do ministério da Saúde divulgados à época, o Brasil tinha apenas 1,8 médicos por mil habitantes, além da concentração no sudeste e sul. “É um programa que ajuda a diminuir a disparidade norte-sul. Havia, por exemplo, no Amazonas, 0,98 médicos para cada 1000 habitantes, enquanto em São Paulo eram mais de 3 por 1000 habitantes. Agora, depois de um ano, é preciso divulgar os resultados efetivos do Programa para sabermos o real impacto, mas já é possível perceber que ele é muito maior do que o aumento no número de médicos”.
Para Junéia, o programa amplia a atuação do SUS, mas há muito a ser feito para a Saúde do brasileiro. “O SUS virou lei em 1990, e, nesses quase 25 anos de implementação, ainda há muito a ser feito. A primeira coisa necessária seria o governo atender os 10% do PIB voltados para a Saúde, e garantir que esse dinheiro seja realmente investido. Sem falar na maior integração das esferas federal, estadual e municipais”.