Está em vigor, desde terça-feira (19), a compensação digital por imagem, processo que elimina o tráfego físico do cheque no sistema de compensação. Pelo novo sistema, o banco captura a imagem e as informações contidas no cheque de maneira digital. Por meio de um arquivo eletrônico, será feita a troca entre as instituições do sistema financeiro. A medida havia sido tomada no final de maio. Os bancos tiveram 60 dias para adaptar seus sistemas às novas regras.
Diante da eliminação do trâmite para compensação do cheque em papel, a situação de muitos trabalhadores ainda está indefinida, sem nova colocação. A Contraf-CUT reitera sua posição e exige a manutenção dos empregos e direitos dos trabalhadores atingidos pela mudança.
“Estamos cobrando todos os bancos para que os funcionários atingidos pelas mudanças sejam realocados para outros departamentos ou para a rede de agências, a fim de que tenham seus empregos e direitos preservados”, afirma o secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT, Miguel Pereira.
Para ele, a relação entre trabalho e tecnologia deve ser harmonizada. “Nós acreditamos que responsabilidade social se faz por meio da harmonia entre estes dois elementos, tendo como perspectiva uma sociedade mais justa e humana. As pessoas precisam ser colocadas em primeiro lugar”, avalia Miguel.
Apesar de eliminar o trâmite com o papel, a diretora executiva do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ana Tércia Sanches, explica que serão geradas novas etapas de trabalho nas agências. A truncagem elimina a troca física do cheque e a captura da imagem é feita na boca do caixa ou nos terminais de autoatendimento. Neste último caso, a digitalização será feita posteriormente, na retaguarda.
“São tarefas que exigirão mais funcionários e, portanto, haverá vagas para aproveitar os trabalhadores da compensação atingidos com a mudança. Isso sem contar que as unidades, antes das alterações, já vêm sofrendo com sobrecarga de trabalho”, afirma a dirigente sindical.
Ana Tércia defende que haja um processo de adaptação no momento de realocar os trabalhadores às novas funções. “Essas pessoas têm de ser absorvidas pelos setores dos bancos, treinadas e com tempo para poder se adaptar às novas funções e ao próprio horário de expediente, uma vez que a maioria trabalhava nos períodos noturnos e madrugada e passarão para o diurno”, afirma Ana Tércia.
Mais redução de custos para os bancos
Os bancos vão ganhar milhões de reais com o novo sistema de compensação. Segundo o coordenador do Comitê Gestor do Comitê de Transporte Compartilhado de Malote da Febraban, Dario Antonio Ferreira Neto, o novo processo deve proporcionar uma economia de aproximadamente R$ 100 milhões por ano aos bancos, com a diminuição de mil roteiros terrestres e 50 aéreos.
Com a compensação digital por imagem, o prazo para a compensação foi reduzido. No caso de valores inferiores a R$ 299,99, o período caiu para dois dias; e valores acima de R$ 300, para apenas um dia. O maior ganho é para as regiões de difícil acesso do país, onde a compensação demorava até 20 dias úteis.
Do ponto de vista do cliente, a redução do tempo é positiva porque no intervalo, entre o débito da conta corrente do emitente e o crédito na respectiva conta do depositante, os recursos ficavam à disposição do banco, alerta Miguel. Independentemente de quanto tempo levava para o crédito ser feito, imediatamente era lançado o débito na conta corrente do emitente.
“Apesar dos pontos positivos, é preciso reafirmar que, mesmo com todas estas inovações tecnológicas, os bancos possuem todas as condições de manter o nível de emprego da categoria, seja para melhorar o atendimento, seja para garantir melhores condições de trabalho, de forma a diminuir as causas de doenças profissionais”, conclui Miguel.