(São Paulo) A cada ano a população brasileira paga mais tarifas aos bancos. A cobrança foi criada em 1994. Antes disso não era preciso pagar para ser cliente. De lá pra cá a arrecadação de tarifas subiu 734% e rendeu aos bancos em 2006, um montante de R$ 52,84 bilhões. O número impressiona mais ainda quando verificamos a inflação acumulada pelo IPCA no período: apenas 157%.
“Apesar do aumento de arrecadação os bancos não ofereceram contrapartidas aos clientes. As filas nas agências continuam enormes. Com mais essa elevação, os bancos poderiam no mínimo aumentar o número de funcionários nas agências e melhorar de uma só vez o atendimento à população e as condições dos bancários, que sofrem com a sobrecarga de tarefas”, Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
Em dezembro de 1994, o que os bancos arrecadavam com tarifas cobria 26% do total do gasto para pagar funcionários. Em 2005, essa porcentagem foi de 113,9%, ou seja, só as tarifas foram suficientes para pagar todos os funcionários e ainda sobrou dinheiro para engordar o lucro.
Em 1994 havia 571 mil bancários no país, em 2006 eram apenas 425 mil. Vale ressaltar que essa redução acontece em pleno crescimento da base de clientes. De acordo com a própria Federação dos Bancos (Febraban), no ano passado existiam no país 102,6 milhões de contas correntes, 61,07% mais que em 2005.
Isenção de Tarifas
Recentemente o Itaú anunciou uma redução de tarifas como sendo a revolução do sistema financeiro. Mas essa diminuição não representa mais do que 1,11% do total de receita de prestação de serviços que o banco teve neste primeiro semestre.
Nos primeiros seis meses do ano, o total arrecadado pelo banco com a prestação de serviços foi R$ 4,969 bilhões. Este número é o resultado de tudo o que o banco ganhou principalmente com administração de recursos, cartões de crédito, TAC e garantias prestadas, serviços de recebimento e serviços de conta-corrente.
A medida tomada pelo Itaú é somente em cima dos serviços de conta corrente e eles representaram nada mais do que 16,33%, ou R$ 811 milhões. Em média, a redução anunciada é de 6,8%, ou R$ 55 milhões. Em português claro, é este último valor que o banco deixaria de arrecadar. Do total (R$ 4,969 bilhões), ele representa somente 1,11%.
É importante salientar que se o banco tivesse extinguido completamente todas as tarifas de conta corrente, e não apenas reduzido em 6,8%, ainda assim o impacto seria irrisório. Ao invés de arrecadar cerca de R$ 4,9 bi, somaria aproximadamente R$ 4,1 bi.
“Isso demonstra que o banco pode reduzir a tarifa completamente e mesmo assim continuar lucrando com a receita de prestação de serviços e com a venda de produtos. O Sindicato defende a isenção de tarifa para todos os trabalhadores que têm folha de pagamento em banco. Para as instituições financeiras esses valores podem parecer irrisórios, mas para o trabalhador significa aumento real nos salários e ampliação do poder de compra”, ressaltou Marcolino.
Fonte: Elisângela Cordeiro – Seeb SP