Cerca de 3 mil param em São Paulo contra demissões no Santander

As paralisações continuam contra as demissões em massa promovidas pelo Santander no Brasil. As 70 agências do banco espanhol das regiões de Osasco, Paulista, Centro, zonas leste, oeste, sul e norte permaneceram fechadas nesta quinta-feira 18, em repúdio à decisão da empresa de dispensar milhares de trabalhadores. À tarde, uma nova audiência de conciliação no TRT/SP vai reunir representantes do banco e do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

Panfletagens e intervenções junto à população reforçaram a denúncia da prática promovida pela instituição financeira de demitir milhares de funcionários brasileiros, responsáveis por proporcionar ao banco espanhol 26% do resultado global da empresa.

“O Santander trata o Brasil ainda como colônia. Eles tiram a riqueza que os brasileiros produzem aqui para cobrir as irresponsabilidades promovidas pelo sistema financeiro. Os trabalhadores não têm culpa da crise financeira e não podem ser os responsáveis por pagar pela crise”, criticou a diretora executiva do Sindicato, Maria Rosani.

Ela ressalta que não há demissões na Espanha e em outros países em que a instituição atua. “Qual a razão então para dispensar os trabalhadores brasileiros, responsáveis pela maior fatia do resultado do grupo?”, questionou.

Bancários

Insegurança e incerteza são os sentimentos que predominam entre os funcionários do Santander. É o que se percebe na fala e na postura dos bancários que cruzaram os braços nesta quinta-feira em protesto às demissões.

“Foi muito triste a forma como aconteceram essas dispensas. Foi de repente. Fizeram eles trabalhar o dia todo e no final do dia vieram com a carta de demissão. Pessoas que não imaginávamos, que eram ótimos funcionários e coordenadores”, relatou uma bancária.

Ela ainda comentou o fato da proximidade de aposentadoria de alguns colegas. “Chegou a ser humilhante ver bancários com mais de 20 anos de banco serem dispensados sem motivo. Eram ótimos colegas de trabalho.”

Outra bancária questionou o fato de os trabalhadores já estarem sobrecarregados, com falta de funcionários em diversos setores. “O estranho foi o banco nem tentar negociar e realocar essas pessoas. Estamos cheios de trabalho e falta gente nos setores, como no caso da minha área.”

A trabalhadora ainda aborda a ganância do banco de querer lucrar cada vez mais, sem respeitar os trabalhadores, como no caso dos aumentos nas tarifas assim que o governo começou a baixar a taxa Selic. “Desde que começou a cair os juros, há cerca de dois anos, percebi que as tarifas no plano Van Gogh, por exemplo, aumentaram duas vezes já”, relatou, ao destacar o péssimo presente de Natal que o banco proporcionou a milhares de trabalhadores que dedicaram sua vida pelo banco.

Tarifas

De acordo com o estudo do Procon-SP sobre a composição e os valores dos pacotes oferecidos pelos bancos, o aumento nos valores se deu somente nos bancos privados, conforme comparativo feito entre maio e novembro de 2012. O maior reajuste foi de 22,22%, realizado pelo Santander no pacote Van Gogh, que subiu de R$ 45 para R$ 55.

Clientes

Além de questionar o preço das tarifas, muitos clientes não entendem a quantidade de demitidos pelo banco, uma vez que faltam funcionários nas agências e há alta demanda. É o que afirma a aposentada Maria da Graça, após ficar assustada com a explicação da dirigente sindical sobre a quantidade de trabalhadores dispensados e o motivo pelo qual o banco demitiu. “Meu Deus! Quanta maldade”, disse a aposentada surpresa.

“Eles estão fazendo essa crueldade até com quem estava para se aposentar?”, questionou, ao criticar o preço das tarifas cobradas pelo banco. “Espero que vocês consigam reverter essa situação, afinal são pais e mães de famílias prejudicados, ainda mais nesse período. Que presente de Natal.”

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