Valor Econômico
A Caixa Econômica Federal manteve boa lucratividade e índices de inadimplência sob controle no primeiro semestre, em meio ao receio de especialistas de que o forte crescimento de suas operações de empréstimo e o agressivo corte de juros feito pela instituição poderia comprometer seus resultados e a qualidade da carteira de crédito.
O lucro do primeiro semestre somou R$ 3,1 bilhões, cifra 10,3% maior do que o mesmo período do ano passado, que garante um retorno anualizado sobre o patrimônio líquido de 26,6%. A taxa de inadimplência recuou de 2,34% para 2,27% entre o primeiro e o segundo trimestres.
Desde o começou do ano passado, atendendo a determinação da presidente Dilma Rousseff, a Caixa cortou em quase 40% os “spreads” cobrados em algumas linhas de crédito. A aposta do banco federal era que poderia recuperar a queda nos juros com o aumento do volume de negócios. A sua carteira de crédito cresceu 42,5% entre junho de 2012 e de 2013. Altos índices de expansão vêm se repetindo desde 2008, pelo menos, disseminando receios entre analistas econômicos sobre eventual aumento da inadimplência.
As receitas com operações de crédito, mostra o balanço publicado ontem, cresceram 26% no primeiro semestre de 2013 na comparação com igual período de 2012. E o aumento do crédito levou a um estreitamento do relacionamento com clientes, contribuindo para uma alta de 14,3% nas receitas de prestação de serviços. “O resultado da Caixa mostra que o crescimento do crédito é sustentável”, disse o vice-presidente de finanças do banco, Marcio Percival.
Os indicadores de solidez da carteira de crédito, até o momento, continuam em geral positivos. As operações classificadas com notas entre ‘AA’ e ‘C’, faixas com menor risco, subiram de 91% para 92,5% da carteira no primeiro semestre, na comparação com o período imediatamente anterior.
As provisões para cobrir possíveis perdas de crédito subiram de R$ 3,6 bilhões, no primeiro semestre de 2012, para R$ 4,3 bilhões na primeira metade deste ano. O incremento, de 19%, é menor do que o avanço da carteira de crédito observada no período, de 43%.
A concentração dos empréstimos também caiu. O empréstimo ao maior devedor da Caixa, de R$ 11, 2 bilhões, representava 2,6% da carteira em junho passado, ante 2,7% no mesmo mês do ano passado. A fatia dos dez maiores devedores na carteira da Caixa caiu de 9,86% para 8,22% na mesma comparação. Quanto menos concentrada a carteira, menos vulnerável o banco está à eventual inadimplência de um cliente.
Um indicador que merece maior atenção é que, no primeiro semestre de 2013, a Caixa baixou R$ 2,6 bilhões a prejuízo, alta de 47% em relação ao igual período de 2012, num ritmo um pouco mais forte do que o avanço na carteira de crédito. “Estamos aprimorando o processo de cobrança, e os resultados vão aparecer no terceiro trimestre”, disse Percival. A carteira de crédito da Caixa somava R$ 431 bilhões em junho, o que manteve a instituição no segundo lugar no ranking de bancos pelo volume de empréstimos, disse.
O índice de Basileia, indicador de quanto capital próprio o banco tem para assumir eventuais perdas nos ativos, ficou em 14,9% em junho, um incremento de 1,8 ponto percentual em relação a março. O índice de Basileia da Caixa está acima do piso de 11% exigido pelas regras prudenciais do Banco Central, mas em geral abaixo de bancos privados.
O Tesouro Nacional, único acionista do banco federal, tem se comprometido a fazer aportes de recursos para atender as exigências legais e dar conforto para sustentar a forte expansão da carteira de crédito.