Cartão corporativo de Bolsonaro tem supérfluos e exageros em hotéis de luxo

Quebra do sigilo das faturas revela mais de R$ 13 milhões de recursos públicos gastos pelo ex-mandatário em hospedagens, férias e motociatas

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gastou R$ 27,6 milhões com o cartão corporativo. Muitas despesas chamam a atenção pelas particularidades. Era desse cartão que saía o dinheiro público para suas guloseimas: só em sorveterias do Distrito Federal, foram gastos mais de R$ 8,6 mil.

Cerca de R$ 13,6 milhões foram para hotéis de luxo. Um deles é o Ferraretto, no Guarujá, litoral de São Paulo, onde o então presidente passou o fim de ano de 2021 e o Carnaval de 2022, quando se exibiu em passeios de moto e jet-ski, sem qualquer agenda oficial. O total pago ao estabelecimento foi de R$ 1,46 milhão, o suficiente para oito anos de hospedagem com diárias de R$ 500.

As informações foram obtidas pela Fiquem Sabendo, agência de dados públicos especializada na Lei de Acesso à Informação (LAI), e publicadas pelo Estadão um dia após o sigilo de 100 anos às visitas recebidas pela ex-primeira dama Michelle terem sido reveladas.

Mais supérfluos

Bolsonaro fez gastos assustadores em padarias. A Santa Marta, no Rio de Janeiro, recebeu em média R$ 18 mil reais por compra dele no estabelecimento. A maior delas foi de R$ 55 mil, equivalente a cerca de 42 salários mínimos.

Chama a atenção ainda a data de um gasto de R$ 33 mil: 22 de maio de 2021, véspera de uma motociata, em clima de campanha eleitoral, no Rio. Outro evento desse tipo, com seus apoiadores, no Rio Grande do Sul, em julho de 2021, consumiu R$ 166 mil dos cofres públicos com hospedagens e alimentação.

Sigilo de 100 anos

O Governo Federal deu início ao cumprimento do compromisso de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de respeitar a LAI e quebrar o sigilo de 100 anos imposto pelo ex-presidente a vários assuntos de interesse público.

Ao todo foram 65 casos, como o processo das rachadinhas do senador Flávio Bolsonaro (RJ), a prisão do ex-jogador Ronaldinho Gaúcho, o cartão de vacinação do ex-presidente, os gastos do cartão corporativo e as visitas de Michele.

Uma das primeiras ações de Lula, logo ao assumir o mandato, foi determinar à Controladoria Geral da União (CGU) que analisasse todos os sigilos em 30 dias.

Fonte: CUT Nacional, com edição da Contraf-CUT

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